HORYU-JI

Nas duas viagens missionárias feitas a Kyoto em 1951, o Mestre Jinsai visitou os principais monumentos da região. Na viagem a Nara, realizada na primavera de 1952, visitou o Templo Kofuku-ji e o Santuário Kassuga Taisha, que prosperaram bastante sob a proteção dos Fujiwara, com os quais tinham profunda afinidade. Nessa ocasião, Ele esteve também no Templo Todai-ji, a maior construção em madeira do mundo, edificada a pedido do Imperador Shomu; no Templo Toshodai-ji, cujo fundador foi Ganjin Wajo, bonzo chinês da Era Tang que, indo para o Japão, transmitiu os ensinamentos de Buda aos bonzos japoneses; no Templo Hokke-ji, construído como sede dos templos de freiras do país, por ordem da Imperatriz Komyo, esposa do Imperador Shomu, e no Templo Horyu-ji, situado na Vila Ikaruga, onde ainda se conserva a Cultura Assuka*.

Horyu-ji é um complexo de templos budistas em Ikaruga, na cidade de Nara, Japão. Os templos foram construídos pelo príncipe Shotoku sob o projeto de Kongo Gumi e o primeiro templo foi inaugurado no ano de 607. Escavações em 1939 descobriram o templo original que foi destruído por um incêndio causado por um raio em 670. Um novo templo foi construído sobre o original, usando partes que sobraram de sua construção, e foi finalizado em 711. Hoje apenas 20% da construção do templo possui madeiras originais do primeiro templo.

Há 3 templos no complexo Horyu-ji. O primeiro é um teto em forma de pagode de 5 níveis, com 32.45 m de altura que é considerado a mais antiga construção de madeira do mundo. A sua construção foi completada no ano de 700. A entrada de pessoas é proibida pois dizem que contém tesouros enterrados na sua fundação que nunca poderão ser revelados. O segundo é o templo Kondo, medindo 18,50 x 15, 2 m. E o terceiro é o Yumedono.

Entre as sete viagens missionárias do Mestre Jinsai à Região Kansai, merece destaque a visita ao Pavilhão Yume (Yumedono), um salão octogonal situado no lado leste do Templo Horyu-ji. Este templo foi construído no início do séc. VII pelo príncipe regente Shotoku Taishi. Segundo dizem, ele o construiu na intenção da cura de seu pai, Yomei (585 – 587 d.C), o 31º imperador, o qual estava doente. No Pavilhão Yume, onde ficava absorvido no estudo das leis búdicas ou lendo interpretações das escrituras budistas trazidas da China, às vezes o príncipe Shotoku recebia avisos de Deus.

 

O Templo Yumedono

 

O Mestre visitou o Templo Horyu-ji no dia 29 de abril de 1952. Sabendo que o Gusse Kannon, imagem principal do templo, seria exposto aos visitantes, postou-Se diante do Pavilhão Yume com grande respeito. Abertas as duas bandas da porta central e também o zushi** que havia no recinto, apareceu a imagem, esculpida no Período Assuka. Dizem que ela era da altura de Shotoku Taishi e nunca fora mostrada a ninguém, estando sempre embrulhada num pano, como buda secreto. Justamente por isso, passados milhares de anos, não havia perdido seu brilho dourado; os olhos semi-abertos e perspicazes olhavam silenciosamente para longe. Diante dessa imagem, Meishu-Sama sentiu que pouco a pouco foi diminuindo a distância entre os dois, os quais foram se tornando um único ser. A respeito dessa experiência, Ele escreveu: “Quando me coloquei diante da Imagem de Kannon, a energia espiritual que ela emanava começou a penetrar em mim. Era uma sensação inexprimível e eu tive vontade de chorar. Isso significa que há muito tempo Kannon estava esperando por aquele momento. De fato, para os deuses também existe o tempo certo. Até que este chegue, eles nada podem fazer. Kannon esperara pelo tempo certo até então, no Pavilhão Yume do Templo Horyu-ji.

 

O Mestre Jinsai na visita ao Templo Horyu-ji no dia 10 de abril de 1953

 

*Cultura budista que floresceu principalmente na Região de Assuka, em Nara, do final do séc. VI à primeira metade do séc. XVII.

**Móvel budista onde se guardam imagens, sutras, etc.

Leia aqui a explicação especial sobre o Kannon de Yumedono!

 

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