Introdução à Teologia do Mestre Jinsai

1 – O conceito de Deus Supremo

Na cultura judaico-cristã, este Deus recebe o nome de Jeová.

O Mestre Jinsai afirma que a Igreja por Ele criada é, ao mesmo tempo, monoteísta e politeísta. Monoteísta porque acredita na existência de um Deus único, Criador do Universo e do ser humano. Politeísta porque esse mesmo Deus pode Se subdividir em diversos outros deuses, que possuem, contudo, a mesma essência divina. Além disso, existem “deuses menores”, ou deuses de segunda categoria, que auxiliam no trabalho do Supremo Deus.

O Supremo Deus é, em Sua forma mais etérea (sutil), o Deus chamado Amenominaka-Nushi-no-Ookami (também chamado Ookunitokotati-no-Mikoto), que Se subdivide em dois outros deuses: Takamimusubi-no-Kami (essência do Supremo Deus responsável por criar todas as coisas espirituais) e Kamumimusubi-no-Kami (essência do Supremo Deus responsável por criar todas as coisas materiais). Esses três deuses não possuem forma física.

Quando Se manifesta na Terra, o Supremo Deus assume o nome de Amaterasu Sume Oomikami, o mesmo que Se alojou na Cintamani, a Bola de Luz que Meishu-Sama possuía.  Quando encarnado, na anterior Era do Dia, Ele assumiu o nome de Kunitokotati-no-Mikoto. Na época do budismo, surgiu com o nome de Izunome-no-Ookami (também conhecido como Kanzeon Bosatsu ou Kannon, o Deus da misericórdia e da compaixão). Na época atual, surgirá como Miroku (o Maitreya do budismo, considerado o buda futuro posterior a Siddharta Gautama).

No Universo, que é formado pelos elementos fogo, água e terra, o corpo do Supremo Deus tem predominância do elemento fogo. Por isso Sua atuação é de Luz e calor. A ação do calor do Deus Supremo é o Sol. É por isso que se fala que a Era de Deus é a Era do Dia, ou seja, a Era de atuação do Sol.

2 – O Deus Supremo e a Era da Noite e Era do Dia

Durante a Era da Noite, em que a Luz ficou difusa, todos os deuses assumiram o aspecto de Budas (chamados “disfarce de Deus”), pois não era possível, naquela época, atuarem conforme seu poder e divindade originais. Isso significa que foi criada a forma de atuação divina de 2/3 (fogo + água = Luz), em que, rezando-se para a divindade, se obtinha determinadas graças e milagres.

Com a chegada da Era do Dia, todos os deuses retornam à sua divindade original, estabelecendo a atuação de 3/3 (fogo + água + terra = poder). Esse é, também, o princípio do Johrei ensinado pelo Mestre Jinsai.

É por isso que Kannon (atuação búdica de Deus) é fogo e água, mas Miroku é fogo, água e terra (retorno à divindade original).

3 – Deuses auxiliares

Para auxiliar o trabalho do Supremo Deus, existe uma miríade de outros deuses, cada qual responsável por uma função ou localidade. Por exemplo, o Deus Susanoo-no-Mikoto foi o deus responsável pela Coreia, pela Judeia e por criar a cultura material na atual Era da Noite. Ainda, os deuses dragões são os responsáveis pelos fenômenos climáticos, como chuva, tempestades, terremotos, neblina, etc. O deus Ubusuna é o responsável pelas localidades e pelos matrimônios. Todos trabalham, é claro, em conjunto com o Supremo Deus.

É dito no xintoísmo que existem 8 milhões de deuses (Haraido-no-kami), e realmente é assim. De qualquer forma, todos esses deuses são emanações de Deus Supremo.

4 – Itchirin-no-Tikara (poder de 1%) e o poder de 5-6-7 em oposição ao poder maligno (6-6-6)

Meishu-Sama fala constantemente sobre o poder de 1%. Isso significa que o poder do Mal chega até 99%, e o poder de Deus é 100%. Só que esse 1% de diferença é o que muda tudo. Isso significa o ponto central de Su (ʘ) ou o espírito, que transforma a civilização materialista em espiritualista.

O nascimento de Meishu-Sama representa a descida do 1% à Terra. É dito, nas tradições cristãs e esotéricas, que o “número da besta” é 6-6-6. Isso representa a falta de ordem dos três mundos (Divino, Espiritual e Material), que ficaram todos na mesma hierarquia. Com a descida de 1% do Céu à Terra, o Céu, que era 6, fica 5, e a Terra fica 7. Assim é estabelecida a ordem de Miroku (5-6-7).

5 – A Cintamani (Bola de Luz que Meishu-Sama carregava no ventre)

Conhecida desde a Antiguidade, é considerada a bola capaz de realizar todos os desejos. Durante a Era da Noite, ficou de posse do Deus Dragão até que, por ocasião de Revelação Divina de 1926, foi outorgada a Meishu-Sama. Ela é a própria Luz Divina e a origem do poder do Ohikari, outorgado a todos os fiéis. A cada ano, kasso (o elemento fogo) da Bola aumenta, e a humanidade fica mais próxima da salvação.

6 – O conceito de Messias

Messias é o Salvador do Mundo, aquele que tem o poder de perdoar e elevar o nível espiritual. Pela explicação de Meishu-Sama, Messias é o Deus encarnado em forma humana. Com a elevação do nível espiritual de Meishu-Sama em Messias, a humanidade ganhou, pela primeira vez, a permissão da salvação.

Visto de outra forma, messias é a forma humana da manifestação do Deus interior. Nesse sentido, todo ser humano pode ser tornar um messias. A diferença é o nível de divindade da alma: a alma de Meishu-Sama é o próprio Supremo Deus, ao passo que a alma humana é uma divindade de segunda ou terceira categoria. Podemos, pois, chamá-Lo de Grão Messias.

7 – A evolução da divindade de Meishu-Sama

Quando recebeu as primeiras revelações divinas, a atuação de Meishu-Sama estava ao nível de Bosatsu (atuação búdica), depois Ele Se elevou ao nível de Koomyo Nyorai (atuação da Luz), posteriormente tornou-Se Ooshin Miroku (atuação do Miroku livre e desimpedido) para, por fim, tornar-Se Messias (encarnação do próprio Deus Salvador). Dessa forma, Ele nos deixou bem claro qual o caminho a seguir, elevando-se continuamente, mas passo a passo.

Em 25 de dezembro de 1926 Meishu-Sama atingiu a Iluminação (kenshinjitsu, o estágio de Suprema Iluminação Espiritual). Já em 15 de junho de 1950 Ele atingiu o shinjingoitsu (estágio de União com Deus), e em 19 de abril de 1954 Ele chegou ao nível de Messias.

8 – Wakoo Doojin

Mecanismo pelo qual Deus Supremo pode nascer como ser humano. Traduzindo ao pé da letra, seria algo como “ocultar a Luz e misturar-se à poeira” (humanidade). Sendo assim, Deus, ao habitar um corpo físico, não pode manifestar a Sua Luz em toda a intensidade, caso contrário, a humanidade não aguentaria. Todos os grandes espíritos divinos descem à Terra utilizando-se desse artifício.

 

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