USHITORA NO KONJIN KUNITOKOTATI-NO-MIKOTO

Essa divindade é, em essência, a personificação de Ookunitokotati, o Deus Criador do Universo. Nasceu como ser humano, recebendo o nome de Kunitokotati-no-Mikoto.

Na comemoração do dia do Setsubun, realizada em 3 de fevereiro, vários templos xintoístas e budistas jogam feijão torrado, clamando que a fortuna fique dentro e o demônio fora. O objetivo desse ritual é evitar os infortúnios provocados pelos espíritos malignos. Entretanto, de acordo com Meishu-Sama, tal pensamento está incorreto. A entidade considerada demônio é uma grandiosa e importantíssima divindade chamada Ushitora no Konjin Kunitokotati-no-Mikoto, também conhecida como Ushitora no Kami.

Kunitokotati é uma divindade extremamente justa e reta, não permitindo, por isso, erro algum. Há muitos anos, nasceu como ser humano. Após a morte, tornou-Se Enma Daio, o Grande Juiz dos mortos no Mundo Espiritual. Como visava à salvação de todos os espíritos, era muito rigoroso, eliminando-lhes as impurezas, tirando-os, dessa forma, do inferno. Por ser extremamente justo e correto, sempre causou pavor a quem Dele se aproximava. Tanto que, conforme relatos de espíritos em manifestações, se alguém mau olha pra Ele, sempre O vê com o semblante carregado, demonstrando braveza; para os muitos perversos, Ele Se apresenta com os olhos brilhando assustadoramente, abre a boca até as orelhas, e, quando fala, cospe fogo. Ao contrário, para os bondosos, aparece sereno e complacente, com uma expressão afável, branda e afetuosa, mas sóbria; o espírito, naturalmente, sente simpatia e respeito por Ele.

Cada ser humano deve, por conseguinte, estar procurando melhorar sempre. Dessa forma, não haverá necessidade de julgamento, nem trabalho, para Kunitokotati, que passará a viver como um Ministro da Justiça demitido por falta de atividade.

Na época do budismo, Enma Daio voltou ao Mundo Material como Kannon. Veio para atenuar, através da misericórdia, o sofrimento da humanidade durante a Era da Noite. A partir daí, passou a realizar o trabalho de salvação com infinita misericórdia. Sem nunca fazer distinção entre Bem e Mal, jamais censura os pecados de ninguém. É por essa razão, inclusive, que os seguidores de Kannon não devem criticar os erros dos outros. Caso o façam, estarão contrariando a vontade de Deus.

No fim da Era do Dia anterior, chamada Tempo Divino, quem governava o mundo era a divindade Kunitokotati-no-Mikoto. Era tão rigoroso e justo, que as outras divindades não O suportavam. Resolveram, por isso, afastá-Lo do comando do mundo, para assim poderem viver como elas gostariam. Chefiadas por Amawakahiko-no-Kami, revoltaram-se e O prenderam. Seu espírito ficou confinado na direção do Nordeste, onde foi morto, após ser torturado. Só teria direito de retornar ao mundo físico quando brotasse o feijão torrado. Como é um fenômeno impossível de acontecer, fica claro que a intenção de Amawakahiko era impedir para sempre a volta de Kunitokotati.

Após a rebelião, passou-se a falar do Céu de Jaku (Ama no Jaku), nome popular de Amawakahiko-no-Kami, uma personalidade bastante arrogante, revoltada contra tudo que havia sido determinado por Kunitokotati-no-Mikoto. Ao mesmo tempo, o povo passou a fugir da direção do Nordeste, por considerá-la o Kimon (portal do demônio).

No Ofudesaki, livro psicografado da Oomoto, está escrito que Kunitokotati-no-Mikoto vai aparecer no mundo material para julgar os vivos. Em outros textos, consta que, até este momento, protegeu a humanidade, permanecendo oculto, mas agora vai surgir diante dela, iniciando assim o julgamento no mundo físico.

Primeira manifestação

Após Seu espírito ter ficado milhares de anos impedido de agir no plano material (tempo esse chamado de Mundo das Trevas), Ushitora no Konjin Kunitokotati-no-Mikoto manifestou-Se, em 1892, através de Nao Deguchi, fundadora da Oomoto, gritando em altos brados que a flor de umê, de repente, se abria nas três dimensões do Universo, pois havia chegado o tempo do Deus justo do Nordeste. Aos gritos, continuava anunciando estar surgindo um Mundo Divino, exatamente no momento em que brotava a flor de ume, e seria governado pelo pinheiro, simbolizando, ambos, (umê e pinheiro) o estabelecimento de uma vida estável, sem perturbação, após anos intermináveis de confusões e incertezas.

Depois dessas primeiras revelações, Nao Deguchi foi levada pela polícia como louca, tendo ficado presa durante vinte ou trinta dias. Mesmo assim, teve início, dessa forma, a religião Oomoto.

SUNAO

Conforme explicado, Ushitora ficou confinado na direção do Nordeste, após uma revolta que atingiu a opinião pública geral na época, cujo chefe foi Amawakahiko-no-Kami. Essa divindade, o verdadeiro demônio do Céu, nada singelo, mas bastante prepotente, distorceu a verdade e imperou na mente e no coração de todos os seres humanos. Criou uma linha de pensamento invertida que dominou o mundo durante a Era da Noite. Daí a razão de, ao ser transmitida, ou aconselhada, alguma nova doutrina que não esteja de acordo com os preceitos vigentes, as pessoas a rejeitarem de imediato ou, em outros casos, julgarem-se capazes de entendê-la sem grandes explicações. De modo especial entre os japoneses, tal hábito tornou-se comum. Na verdade, é um indício de que a maioria segue inconscientemente a linha da inversão da verdade.

No Ofudesaki há uma recomendação sobre a grande importância de se ter sunao (disponibilidade de aceitação, de obediência). É por esse motivo, por exemplo, que o povo americano possui poucos partidos políticos, cujo número não passa de 2 ou 3. Nesse aspecto, os japoneses são mais divergentes, criando oposição a tudo; eis porque no Japão existem muitas religiões e um número bem maior de facções políticas.

Quando, porém, analisado do ponto de vista espiritual, o povo japonês apresenta maior elevação. Daí o motivo pelo qual o país está constantemente na mira dos jashin.