5 – MEISHU-SAMA ALEGRAVA OS FIÉIS COM PLANTAS RARAS

Repórter: Penso ser difícil encontrar um local que tenha reunido tipos tão raros de cerejeiras como o Zuiun-kyo. O que é que o senhor acha?

Morimoto: A propósito, lembro-me de que, quando vieram ao Protótipo do Paraíso Terrestre de Atami membros da Associação da Flor, um deles me perguntou: “O senhor sabe de algum outro lugar onde haja mais cerejeiras do tipo “kanzakura” e “hisakura” do que aqui?” Respondi-lhe que, para o lado de Izu, talvez houvesse, e sugeri que o procurasse. Entretanto, naquele local, só havia um ou dois pés.

“No Zuiun-kyo existem mais ou menos quarenta pés de cerejeiras do tipo “kanzakura” e outras que florescem cedo, não é?” Ao ser interpelado, por pessoas de fora, com perguntas semelhantes, pude compreender que o Zuiun-kyo é realmente um lugar maravilhoso.

Repórter: Esse é um grande tesouro...

Morimoto: No começo, havia apenas um pé de cerejeira do tipo “hisakura”, mas agora existem muitos, em virtude das mudas obtidas pelo processo de enxerto. Entretanto, eles levaram quatorze ou quinze anos para crescer daquela forma.

Repórter: Quando iniciamos alguma coisa, tudo é difícil, e acredito que o senhor tenha sofrido bastante, não é?

Morimoto: Embora eu fosse jardineiro profissional, sofri muito, pois não tinha experiência sobre enxerto e desenvolvimento de cerejeira “hisakura”. Pedi ajuda a um negociante, mas não deu certo, de modo que não tive outro recurso a não ser comprar um livro técnico e estudar o modo de fazer o enxerto.

Não tinha muita confiança, mas tentei fazê-lo sozinho, e consegui me sair bem. Depois, fiz o enxerto num terreno do Zuiun-kyo, a Terra Celestial. Após ter pegado, levei o tronco para minha casa, replantei a cerejeira no meu jardim e cuidei dela. Quando deu flor, trouxe-a para cá. Como ainda era nova, não se comparava aos velhos pés já existentes, mas, com o tempo, acabou ficando maravilhosa. No auge do seu florescimento, não se veem os galhos; só as flores, bem vermelhas...

Repórter: Como a cerejeira “kan-hisakura” não é uma qualidade que se possa encontrar em qualquer parte, deve ter sido difícil trazê-la para cá, não?

Morimoto: Certa vez, a uma pergunta feita por Meishu-Sama, respondi: “Acho que essa espécie de cerejeira deve existir em qualquer lugar”. Contudo, procurando-a, não consegui achá-la com facilidade.

Fiquei numa situação difícil. Por isso, tanto no que se refere às azaleias como às ameixeiras do Jardim das Ameixeiras e às cerejeiras, não há um pé sequer que tenhamos conseguido sem esforço, como se caísse do céu de repente.

Enquanto procurava cuidadosamente as cerejeiras que eram necessárias, por coincidência, escutava uma conversa esclarecedora ou conseguia encontrá-las.

Foi uma procura que exigiu muito esforço e na qual tivemos de enfrentar muitas dificuldades. Aliás, se ficarmos esperando de braços cruzados, confiando apenas em Deus, jamais conseguiremos receber graças.

No declive existente entre a Colina das Azaleias e o “Sekiun-Dai”, estão plantadas muitas cerejeiras da montanha, não é verdade? Só ali há cem pés, mas foram todos plantados e penamos bastante para encontrar essa quantidade. Além do mais, só procuramos cerejeiras de boa qualidade...

O assunto vai e volta, mas o plano de plantar cerejeiras naquele local já existia desde o tempo de Meishu-Sama, e foi concretizado por Nidai-Sama.

Quando o terreno inclinado ficou pronto, ela disse que as flores das cerejeiras “somei yoshino” desabrocham e caem logo, e por isso não têm graça. Acrescentou que a vida dessas árvores é curta e que as flores e as folhas da cerejeira da montanha têm mais elegância e beleza.

Sendo assim, orientou-nos que procurássemos aquelas que fossem belas e que tivessem flores e folhas de colorido harmônico.

Existem inúmeras cerejeiras da montanha, mas é muito difícil encontrá-las com flores e folhas de boa cor. Ficou combinado procurá-las nas montanhas e chegamos a escalar uma com esse objetivo.

Achamos as cerejeiras, mas o dono da montanha, que era o principal, não se sabia quem era. Entretanto, visto que queríamos comprá-las, colocamos um marco no local, amarrando-as com uma corda. Também houve falhas, mas aprendi que, com esforço, tudo se consegue.

Repórter: Ouvimos dizer que, como Meishu-Sama tinha o desejo de alegrar todos os fiéis, trazia plantas raras e dizia: “Não imitemos os outros, sejamos originais”. Acho que era por isso que, quando sabia de uma planta rara, decidia comprá-la imediatamente.

Morimoto: Ele tinha decisões rápidas, não é? Certa vez, comprei um pé de ameixeira branca, de galhos pendentes, com mais ou menos cem anos. Embora fosse uma só, achei que era de boa qualidade e perguntei a Meishu-Sama: “Encontrei uma ameixeira branca com mais ou menos cem anos. O que é que o senhor acha?”

Ele respondeu com outra pergunta: “Quantos pés?” “Apenas um”, respondi-Lhe. “Procure cinco ou seis pés e compre-os”, disse Ele. Dessa forma, o assunto se prolongou, e Ele ordenou que eu fosse procurá-los o mais rápido possível.

Feita a compra, comuniquei-Lhe o fato, ao que Ele respondeu apenas: “Ah, é?” Não perguntou nada, nem mesmo o preço. Se Lhe falasse, Ele ouviria, mas... Tivemos muitas dificuldades no transporte da ameixeira branca de galhos pendentes que está plantada ao lado do Palácio de Cristal. O transporte foi feito à noite, de Shimo-Sôga, um local fora do perímetro urbano da cidade de Odawara. Utilizamos três carros e mais ou menos trinta pessoas, e demoramos quinze horas para transportá-la.