Repórter: Obediência em primeiro lugar, não é mesmo, Senhor Katsumata?
Durante a construção do Protótipo do Paraíso Terrestre de Hakone, quais eram os períodos em que Meishu-Sama lhe dava orientações?
Katsumata: Só durante o verão, por ocasião da Sua estadia em Hakone. De junho a setembro mais ou menos. Todos os anos, no dia 30 de setembro ou 19 de outubro, Ele ia para Atami, para só voltar no ano seguinte. Três a quatro dias antes, indicava as tarefas que deveriam ser cumpridas. De acordo com as ordens recebidas, trabalhávamos até junho do ano seguinte.
Só houve uma vez em que eu ficasse em dúvida. Foi com relação ao tempo previsto para a construção do lago; mas tudo ocorreu de acordo com o que Meishu-Sama havia dito.
Repórter: Que lago?
Katsumata: O lago que existe ao lado do Templo da Luz do Sol. Aí, cavando conforme a ordem de Meishu-Sama, encontramos rochas. Ele olhou a composição do terreno e disse: “Como é difícil cavá-lo, vai demorar um ano para o lago ficar pronto”. Limitou-se a dizer isso e partiu para Atami.
Até então, Ele sempre dava ordens a cada três dias, depois de vistoriar uma ou duas áreas. Em caso especial, chamava-me ao Solar da Contemplação da Montanha e dava as explicações adequadas. Só no caso do lago, isso não aconteceu. Fiquei preocupado, pois Meishu-Sama indo para Atami, eu não O encontraria por um bom espaço de tempo. Não sendo muito grande o lago, calculei que não levaria muito tempo para ser concluído e pus-me a pensar no que faria quando ele estivesse terminado.
Porém, ao começar a cavar o solo, verifiquei que as rochas eram vulcânicas, duras de escavar, o que dificultava muito o trabalho. Portanto, conforme a previsão de Meishu-Sama, trabalhando com afinco, a conclusão do lago levou exatamente um ano.
Começamos essa obra no fim de setembro, quando Meishu-Sama foi para Atami; quando Ele retornou a Hakone, em junho do outro ano, ainda estávamos enfileirando as pedras. Imediatamente Ele mandou que as colocássemos num nível bem mais elevado; além disso, deu-nos instruções pormenorizadas a respeito. O lago ficou pronto justamente quando Ele ia regressar para Atami, nesse mesmo ano, o que quer dizer que a construção levou exatamente o tempo previsto.
Repórter: Em volta daquele lago, há pedras enormes. De onde as trouxeram?
Katsumata: Trouxemo-las do terreno que está situado abaixo dos Sepulcros Sagrados. Ali havia inúmeras pedras, e nós não sabíamos onde colocá-las.
“Traga as pedras de lá e utilize-as”, disse Meishu-Sama.
E assim foi feito.
Somente uma delas, a maior e mais alta, não veio de lá, mas do local à esquerda do “hall” de entrada do Templo da Luz do Sol. Estava numa posição um pouco mais alta do que este, e, de lá, dava para pular em cima do telhado do “hall”.
Já tínhamos colocado a pedra mais ou menos no lugar predeterminado, quando Meishu-Sama nos instruiu para afastá-la um pouco mais. Como era muito pesada, se não escavássemos fundo, não poderíamos movê-la, por isso deu bastante trabalho. Movíamo-la pouco a pouco.
Morimoto: Ouvi dizer que havia duas pedras enormes numa das obras do Solar da Montanha Divina.
Katsumata: Sim, as pedras do lago que ali existe. Essas também são grandes.
Coloquei-as naquele lugar pensando em harmonizá-las com o lago. Meishu-Sama, olhando o nosso trabalho, instruía-nos sobre a altura em que elas deveriam ficar, ou se seria preciso colocá-las mais para dentro ou mais para fora, fazendo, assim, as devidas correções.
Morimoto: Normalmente, os especialistas fazem um bom trabalho e a maioria das pessoas fica satisfeita.
Katsumata: Minha intenção, ao colocar aquelas pedras, era que elas sempre parecessem grandes, de qualquer lado que fossem vistas. Assim, não queria modificar sua posição. Entretanto, as instruções de Meishu-Sama estavam baseadas apenas no ângulo de visão através do qual as pedras deveriam ser apreciadas, de modo que, num relance de olhos, Ele disse: “Faça assim”...