Nonomura Ninsei
Período Edo (1615 – 1867), cerca de 1710
Altura: 28,8 cm
Tesouro Nacional
Este pote de chá com glicínias, também conhecido como Futsubo, com quatro alças, é o mais famoso de muitas obras-primas de Nonomura Ninsei (cerca de 1574 – 1660), o mestre da porcelana de Kyoto, decorada com esmalte colorido vitrificado. O frasco é lindo, elegante e decorativo, e é considerado como um símbolo da cultura refinada de Kyoto. A louça de Kyotoé completamente diferente dos jarros de chá mais velhos, importados e rústicos usados até o período de Ninsei. As flores de florescência das glicínias são generosamente pintadas sobre um esmalte branco morno nas cores vermelha, roxa, ouro e prata em uma composição engenhosa que se ajusta perfeitamente à forma elegante do frasco caracterizado pelas paredes finas da espessura uniforme, característico das peças de Ninsei, que é conhecido por sua habilidade excepcional em potes. As folhas verdes e frescas foram pintadas tão delicadamente que suas nervuras são completamente planas. O pote, que carrega um grande selo “Ninsei” na base, foi passado para a família de Kyogoku de Marugame, atualmente prefeitura de Kagawa, Shikoku.
Passado por vários proprietários durante 200 anos, o último proprietário foi a família Kyogouku, pertencendo até meados de 1918 (Ano 7 da Era Taisho), quando a família o colocou à venda. Matsuzo Matsumoto comprou o pote, pagando o valor de 189 mil yenes. Com o término da Segunda Guerra Mundial, o governo japonês taxou um imposto de 80% sobre o valor de todos os patrimônios, inclusive o Pote de Glicínias, e o Sr. Matsumoto teve que vender o pote para saldar o imposto.
No dia 7 de fevereiro de 1955, 3 dias antes de Sua Ascensão, o Mestre adquiriu, finalmente, o tão ansiado Pote de Glicínias, que há muitos anos Ele desejava possuir. Esse pote é uma obra de Nonomura Ninsei, ceramista que, tendo ido para Kyotono início da Era Edo, tornou-se pai da cerâmica Kyoyaki. Ninsei era considerado um mestre de torno, e, de fato, a riqueza da forma do pote é inigualável, assim como também a exuberância de seus desenhos, que mostram as glicínias em pleno florir, balançando-se ao vento num belo colorido. É realmente uma obra-prima representativa desse artista.
No final de 1954, assim que soube da possibilidade de adquirir o Pote de Glicínias, imediatamente o Mestre Jinsai firmou o propósito de comprá-lo. Entretanto, por tratar-se de uma obra-prima e estar indicado para receber a qualificação de Tesouro Nacional do Japão, seu preço não baixava de 3 milhões de ienes, quantia que a Igreja não possuía em mãos. Diante disso, o Mestre Jinsai resolveu abrir mão do Solar da Montanha Preciosa, em Tamagawa, propriedade que há muito tempo estava em litígio. Solucionou a questão amigavelmente e decidiu aplicar na compra do pote a quantia obtida.
Quando o Pote de Glicínias foi entregue em sua casa, o Mestre estava sentado numa cadeira, olhando para o jardim. No momento em que tiraram a peça da caixa de madeira que a embalava, ele ficou admirando-a calado, com profunda emoção, parecendo saborear uma intensa alegria. À sua volta, havia um profundo silêncio. Naquela noite, quando foi dormir, o Mestre Jinsai colocou o pote junto à Sua cabeceira.
De início, estava previsto que o Pote de Glicínias só seria entregue muito depois do dia 8, mas repentinamente, por necessidade do seu proprietário, a data foi antecipada. Na tarde do dia 9, o estado do Mestre Jinsai agravou-se, e ele ficou semi-inconsciente. Assim, se o pote tivesse chegado um dia depois, ele não teria podido colocar ao seu lado essa obra-prima pela qual esperara durante tanto tempo, nem teria tido o prazer de acariciá-la. Após a ascensão do Mestre, considerando um grande milagre a chegada do pote às suas mãos enquanto ele ainda estava com vida, as pessoas que fizeram as negociações disseram: “Que bom que ele tenha chegado a tempo! Que bom que Meishu-Sama tenha tido essa alegria!“