Em seus últimos anos de vida, o Mestre Jinsai, nos dias pares, fazia caligrafias durante uma hora ou uma hora e meia após o jantar. A Casa do Trevo, em Hakone, e uma sala do Solar da Nuvem Esmeralda, em Atami, estavam destinadas a esse fim.
Assim que se sentava, com o papel à sua frente, o Mestre pegava no pincel e, num só fôlego, fazia várias caligrafias, com tanta rapidez que parecia uma máquina impressora. Certa vez ele disse, rindo: “Para uma pessoa se tornar um operário treinado assim, é preciso três anos.” No caso da Imagem da Luz Divina e dos quadros – estes, escritos horizontalmente – onde eram caligrafadas letras maiores, confeccionava 100 em 30 minutos; no caso de protetor que só tinha uma palavra (Hikari), fazia de 500 a 600 em uma hora. Uma pessoa comum não conseguiria caligrafar tão rápido assim.
Para confeccionar muitas caligrafias em pouco tempo, o Mestre Jinsai inventou o seguinte método. Preparava de antemão cem folhas de papel apropriado, intercaladas com jornal. Quando terminava de dar vigorosas pinceladas na primeira, o dedicante encarregado desse servir retirava a folha junto com o jornal, puxando-a rapidamente, em sentido lateral. Ao término dessa operação, o Mestre Jinsai já havia acabado de fazer a caligrafia seguinte. Assim, era um serviço ininterrupto, no estilo de uma corrente de motor. Para que ele fosse executado sem interrupção, sempre havia três dedicantes do sexo masculino ajudando o Mestre, fazendo-se necessário um certo período de treinamento para eles conseguirem acertar seu ritmo com o dele.
Além de escrever essa grande quantidade de caligrafias com muita facilidade, o Mestre Jinsai sempre o fazia ouvindo rádio. Às 19h, quando o trabalho tinha início, era a hora do noticiário. Às 19h30m, transmitiam-se programas com atrações musicais: os programas Niju no Tobira e Tonti Kyoshitsu. Às 20h, entre outros programas, havia a transmissão de uma peça teatral. O Mestre Jinsai sempre fazia caligrafias ouvindo essas transmissões. Se escutasse, no noticiário, algo relevante, que Ihe chamasse a atenção, logo pegava o lápis vermelho e anotava no papel que ficava numa bandeja. Anotava de modo sintético, escrevendo, por exemplo, “Origem da corrupção”, “Problema da bomba atômica”, etc., e esses dizeres serviriam de tema para os Ensinamentos que ele ditaria mais tarde.