MINHA MANEIRA DE PENSAR

Tenho o costume de pensar profundamente sobre todas as coisas. Suponhamos que eu faça um projeto qualquer. A maioria das pessoas, quando elabora um projeto, fica ansiosa, querendo logo pô-lo em prática, e, mais do que isso, com a esperança de poder contar com a ajuda da sorte e obter resultados positivos. As coisas, porém, não ocorrem como elas esperavam e geralmente redundam em fracasso. Tais pessoas só pensam no sucesso, não levando em conta a possibilidade de fracasso, o que é muito perigoso. Eu, no entanto, faço o contrário. Desde o começo imagino o insucesso. Elaboro, também, um plano à parte, para quando isso acontecer. Assim, se o projeto falhar, o fato não me atinge muito; eu aguardo um pouco mais. Agindo dessa maneira, é fácil eu me recuperar, em caso de fracasso.

Em relação ao dinheiro, procedo do mesmo modo. Divido-o em três partes: se a primeira não der, começo a usar a segunda; caso esta ainda seja insuficiente, recorro à terceira. Seguindo esse método, a probabilidade de falta de recursos é mínima.

À primeira vista, parecerá perda de tempo fazer um planejamento muito detalhado, tomando todas as precauções para as eventualidades que possam surgir; contudo, se procedermos dessa forma, tudo correrá mais rapidamente, pois não haverá falhas. Fazendo como eu faço, não há desperdício de dinheiro, nem de tempo, nem de trabalho. Somando tudo isso, representa um inesperado e considerável lucro. Todos sabem que tenho planejado grandes empreendimentos, uns após outros, e os tenho executado sem qualquer preocupação; tudo sempre corre muito bem. Ainda que eu haja elaborado um plano detalhadamente e todos os preparativos estejam em ordem, não o ponho logo em prática; aguardo o tempo certo. Quando aparece uma boa oportunidade, começo a executá-lo com todo o empenho. Depois, é só esperar, sem pressa ou afobação. O homem nunca deve precipitar-se. Se o fizer, estará forçando a situação e, procedendo assim, nada dará certo. Pensando naqueles que fracassaram, vemos que, por sua pressa, todos eles, sem exceção, forçaram situações.

A propósito, lembro-me sempre da Segunda Guerra Mundial. No início, as coisas corriam bem, e por esse motivo os japoneses ficaram orgulhosos, vaidosos; mesmo quando tudo mudou, eles pensaram que não era nada e forçaram a situação. Como se mantiveram nessa atitude, o resultado foi aquele triste fim. Naquela época, senti que, com tanta afobação, as autoridades fatalmente nos levariam a perder tudo, mas silenciei, pois não podia comentar esse meu pensamento com ninguém. Se, desde o começo, tivessem considerado a hipótese da derrota, o resultado não teria sido tão desastroso, por isso foi grande a minha decepção. Obviamente, o fato ocorreu devido à falta de planejamento por parte das autoridades competentes.

Quando as pessoas me observam, às vezes me acham apressado; outras vezes, calmo e despreocupado. À primeira vista, é natural que elas fiquem confusas. Tudo se deve, logicamente, à grande proteção de Deus, mas todos se espantam pela maneira rápida com que as minhas obras são executadas. Poderão compreendê-lo melhor atentando para a incrível rapidez com que se processa a expansão da nossa Igreja.

Desejo, agora, chamar atenção para a necessidade de uma mudança na mentalidade do homem. Existem pessoas que se concentram num único trabalho, sem descanso; muitas vezes, entretanto, não conseguem ser eficientes. Isso acontece porque elas acabam entediadas, saturadas, mas ficam aguentando e insistindo no trabalho. Esse procedimento não é certo. Nessas ocasiões, o melhor é parar um pouco e até mesmo procurar uma recreação, a fim de espairecer a mente.

Muitos pintores dizem que, quando não se sentem inspirados ou quando estão sem vontade, não pegam de modo algum no pincel. Em minha opinião, é uma atitude bastante sensata. Até certo ponto, a liberdade pode gerar muito mais eficiência. Nesse sentido, não gosto de ficar preso a uma só tarefa; estou sempre mudando de uma para outra. Agindo dessa forma, sinto-me mais disposto, trabalho com satisfação e minha cabeça funciona melhor. Pode acontecer, no entanto, de acordo com a situação de cada um, que essa recomendação seja impraticável. Por isso, conhecendo bem o princípio que acabo de expor e procedendo de acordo com as possibilidades e circunstâncias do momento, a pessoa terá um grande proveito. É isso que estou tentando ensinar.

25 de junho de 1952