Todos que vêm a mim pela primeira vez dizem a mesma coisa: ” Antes de conhecê-lo, eu pensava que o senhor fosse uma criatura pouco acessível, que sempre estivesse rodeado de pessoas. Imaginava que, para dirigir-me ao senhor, deveria fazê-lo com o maior protocolo. Foi com muito medo que resolvi visitá-lo, mas, ao contrário do que esperava, tudo foi tão simples e fácil que fiquei surpreso.”
Realmente, quando se trata de um fundador de religião ou de um chefe, a tendência geral é pensar que eles vivem cercados de aparato. Em tempos passados, vários de meus subordinados quiseram que eu procedesse dessa forma. Entretanto, eu não sentia vontade alguma de agir assim e continuei a ser a pessoa simples que sempre fui.
Muita gente deve estar curiosa, perguntando a si mesma por que eu não assumo uma atitude ostentosa, comportando-me como se fosse um deus. Vou explicar a razão.
Talvez pelo fato de ter nascido em Tóquio, jamais gostei de exibicionismo. Como detesto a falsidade, acho que aparentar aquilo que não sou e criar diversos aparatos é uma forma de mentir; além do mais, à vista dos outros, pode ser até uma atitude desagradável. Afinal de contas, o melhor é a pessoa se mostrar como realmente é.
Na posição em que me encontro, talvez fosse melhor eu ficar no fundo da nave, junto ao altar, como um deus, e ali dar audiências, porque assim eu me valorizaria muito mais. Não gosto disso, porém. Àqueles que não aprovam meu procedimento eu sempre digo que não precisam permanecer comigo. Todavia, com o passar do tempo, como a realidade mostra a constante expansão da nossa Igreja, constato que o número de pessoas que aceitam minha maneira de agir é cada vez maior, e isso me deixa muito satisfeito.
Devo acrescentar que considero minha natureza muito diferente da de outras pessoas. Detesto imitar o que os outros fazem. Esse é um dos motivos pelos quais não me porto com ostentação. Quero ter sempre a aparência de pessoa comum. Agindo assim, também estou quebrando a tradição geral, mas esta característica contribuiu muito para que eu pudesse descobrir a forma revolucionária de curar todos os males: o Johrei. Como os fiéis sabem, manifesto o poder de curar doenças através do Ohikari, que confecciono escrevendo uma letra numa folha de papel, não diferencio Deus de Buda, estou construindo o protótipo do Paraíso Terrestre, empenho-me na promoção da Arte, evito a ostentação religiosa, etc. Se eu quisesse, poderia enumerar uma infinidade de realizações minhas que realmente quebram a tradição. A propósito, dias atrás, fui visitado por uma jornalista do Fujin Koron, que me disse ter ficado surpreendida ao chegar à entrada da Sede Provisória e não ver nenhum aparato que lembrasse uma Igreja. Ela achou muito estranho. Daqui por diante pretendo realizar uma intensa atividade religiosa em todos os campos da sociedade, mas de forma absolutamente inédita.
13 de maio de 1950