Yoshiko-Okada, a segunda esposa, foi uma mulher de misericórdia e muito inteligente. Teve muito amor ao marido e ded icou-se ao lar e aos seis filhos. Depois do falecimento do Mestre, tornou-se a Segunda Líder Espiritual.
Sentia em Mokiti um homem superior e um predestinado e aceitou o papel nem sempre fácil de ser a companheira dum missionado. Viver ao lado de Meishu Sama era compreender o verdadeiro sentido da vida.
Yoshiko sempre achou simbólica a data do nascimento do marido. A 22 de dezembro é o solstício de inverno no Japão, que está no hemisfério Norte. Os japoneses têm um ditado que diz: "Cada dia é mais um punhado de palha que se põe para fazer a esteira". Querem dizer que o dia vai ficando mais longo que a noite. A luz vai ganhando terreno sobre a treva. Mokiti nasceu a 23 de dezembro, um dia simbólico.
Em 1919, quando Mokiti desposou Yoshiko, o mundo sofria o desequilíbrio que marcou o fim da Primeira Grande Guerra Mundial. A crise mundial também atingiu Mokiti, que tinha ficado rico. Inventara a fabricação dum diamante artificial de que tirou patente. Tinha contrato com uma das maiores lojas do Japão. Rico, tentou realizar o sonho de fundar um jornal para defender a Justiça. Dedicou-se a outras atividades além de sua loja, na ânsia de levantar mais dinheiro a fim de enfrentar as despesas com um jornal. Emprestava dinheiro para companhias de investimento. Tinha seus depósitos no Banco Soko, uma sociedade anônima. Tirou patente de seu diamante artificial em dez países do mundo.
Com o crescimento de seu capital, vieram as tribulações. A grande loja indispôs-se com ele porque queria exclusividade. Os seus representantes começaram a furtar. O Banco Soko suspendeu os pagamentos.
Com a falência do Banco, Mokiti perdeu tudo. O que lhe restou de seus bens ficou interditado para pagamento das dívidas do Banco. Foi vítima duma chantagem e processado por fraude. As dívidas que levantou nesta ocasião levariam vinte e dois anos para serem liquidadas.
No verão de 1920, aos 38 anos, desesperado e desiludido, voltou-se para a vida espiritual. Filiou-se à religião Oomoto e a esta se dedicou a ponto de, em 1928, largar todas as atividades comerciais. Deixou seus negócios na mão do gerente e consagrou-se à vida religiosa.
Sua esposa Yoshiko estava convencida de que o marido era um eleito de Deus. Ela achava que houvera uma razão para Mokiti nascer numa casa vizinha ao templo budista de Kannon, em Hashiba-cho, em Tóquio. O bairro de Hashiba está na parte mais oriental da cidade. O Sol nasce no Oriente e o Sol é a Luz. A mãe de Mokiti chamava-se Toriko. Não teve leite para amamentar o filhinho. Quem ajudou a amamentá-lo foi a esposa dum sacerdote budista do templo de Renso-ji, também próximo à casa dos Okada.
Em 1945, depois de terminar a Segunda Guerra Mundial, Meishu Sama e sua esposa foram visitar o bairro de Hashiba, em busca de recordações. Aquele velho templo budista de Renso-ji ainda lá estava de pé, apesar de muito danificado pelos bombardeios. Da casa onde Meishu Sama nasceu não ficou nem sinal. Só tinham restado os casebres por ali amontoados, que logo seriam demolidos para reerguimento da cidade.
Yoshiko lembrava-se de Meishu Sama dizer: "O espírito de meu bisavô paterno é o meu guia". De fato, Meishu Sama era muito parecido com este bisavô. Notava ela que, depois do nascimento do filho Mokiti, a família Okada começou a melhorar de finanças. A chegada dum grande ser numa família costuma trazer muitas melhoras.
Kissaburo Okada (pai de Mokiti) tinha herdado uma loja de antiguidades chamada Musashi-ya. Mas a firma estava em decadência. E a decadência tinha começado exatamente quando ficou nas mãos do referido bisavô com quem Mokiti saiu parecido. Este bisavô tinha uma personalidade notável e, talvez por isso mesmo, não deu para comerciante. Quando Mokiti nasceu, os pais estavam na pobreza e a loja de antiguidades estava reduzida a uma lojinha de artigos de segunda mão.
Eram gente fina e culta, mas passavam vida apertada. A mãe, Toriko, tinha de ser muito econômica. Não permitia o menor desperdício Foi esposa e mãe exemplar. Kissaburo faleceu em 1905 e tinha melhorado tanto de finanças, que deixou 3.500 yens para Mokiti começar sua vida de comerciante independente. Toriko viria a falecer sete anos depois.
Kissaburo foi homem honesto e exigente. O caráter de Mokiti formou-se num ambiente puro e austero. O menino aprendeu desde cedo a ser econômico. Yoshiko contou que o marido não desperdiçava nem um pedaço de papel. Era tão ordeiro que achava qualquer coisa em suas gavetas, mesmo no escuro.
Este homem econômico não olhava despesas em se tratando dum objeto de arte. Pagava o que pedissem, sem regatear. Tinha a sua maneira muito pessoal de valorizar as coisas.
A educação que Mokiti recebeu dos pais não o preparou para nenhuma profissão. Apenas adquiriu hábitos sadios e bons costumes.
Completou o curso primário e, aos 14 anos, entrou para uma Escola de Arte. Queria ser pintor, mas teve uma doença nos olhos e ficou apenas seis meses nesta escola.
Outras doenças o maltrataram. Aos 16 anos teve pleurisia e ficou no hospital da Faculdade de Medicina. Ficou seis meses doente e teve uma recaída. Aos 19 anos ficou tuberculoso e curou-se com um regime alimentar vegetariano.
A corrigenda do sofrimento físico era rude e desagradável, mas, para Mokiti, iria resultar em frutos abençoados de experiência, conhecimento, compreensão e justiça.