Todas as coisas seguem a Lei de Causa e Efeito. O fato de adoecermos, bem como o de nos depararmos com desgraças, jamais ocorrerá por acaso e sim por uma causa correspondente. Depois de eliminarmos essa causa, é natural e é verdade que todos nós nos tornemos mais saudáveis e mais felizes.
Assemelha-se à tortura que nos causa uma dívida de grande soma: ao sermos pressionados, o espírito fica intranquilo, mas, mesmo sendo penosa, temporariamente, se acabamos por saldá-la, nosso espírito tranquiliza-se e também a vida gradualmente torna-se mais confortável.
Se Deus criou o homem, é natural que Ele tenha mostrado à humanidade os princípios e métodos para ela caminhar em direção à verdade, mesmo em meio a qualquer infelicidade ou circunstância adversa.
TODO SOFRIMENTO É AÇÃO PURIFICADORA
Referimo-nos anteriormente à doença e a todas as formas de sofrimentos, chamando-as de “ação purificadora”. Este não é um modo paradoxal de se pensar. Isto porque, em resumo, poderemos dizer que a doença é a ação de limpeza do corpo humano.
Durante sua vida, sem que ele tenha percepção disso, acumulam-se impurezas ou toxinas no interior e no exterior do corpo físico do homem. As impurezas exteriores são eliminadas por ação física como um banho, por exemplo, e as do interior por meio de ações fisiológicas, como fezes, urina, suor, etc; mas permanecem ainda aquelas difíceis de serem expelidas.
Essas impurezas, ou seja, toxinas, se as observarmos sob o aspecto espiritual, são uma espécie de sombra criada bem no fundo do corpo material, isto é, no corpo espiritual do homem. A essas impurezas chamamos de “máculas”. Quando elas atingem um certo limite-densidade, inicia-se automaticamente a ação eliminadora das mesmas. Essa ação reflete-se no corpo material, que temporariamente entra em estado de desequilíbrio, costumeiramente chamado “sintoma de mal físico”.
Ainda fisicamente, poderemos dizer que ela é ação de purificação natural que tenta expelir fisiologicamente as toxinas do organismo, em virtude de haver no homem a faculdade inata de proteção da saúde. A esse processo, em geral acompanhado de dores e sofrimentos, costuma- se denominar “doença”.
O homem geralmente teme a doença, mas na realidade ele foi criado para manter a saúde por meio dessa ação purificadora. Em outras palavras, por ser uma ação de limpeza do organismo, a doença é algo que se teme inutilmente, pois é uma providência da natureza para o aumento crescente da saúde, e é grandiosa bênção Divina. Onde houver impurezas acumuladas, ocorre fatalmente a ação de purificação espontânea, porque esta é a lei de toda a criação.
As máculas do espírito são submetidas a essa ação, não só pela doença, mas também por meio de variadas formas de sofrimentos.
Perdas causadas por outrem, incêndios, fracassos e prejuízos nos negócios, roubos e acidentes, infelicidade na família, desarmonia entre pais e filhos ou entre irmãos, conflitos entre parentes e amigos, tudo isso é ação purificadora.
Dessa forma, todos os sofrimentos, sem limitar-se à doença, são benéficos, por serem ação purificadora. Tais sofrimentos servem para eliminar as máculas espirituais. Após essa fase, a vida se modificará para melhor, muito melhor que antes.
Nesse sentido, os bons acontecimentos são naturalmente bem-vindos; o mesmo acontece no caso de nos defrontarmos com fatos desagradáveis, já que eles ocorrem para nossa purificação, e, vencida essa fase, a melhora será evidente; portanto, são bons de qualquer forma.
Se compreendermos esse princípio, poderemos enfrentar qualquer situação com alegria, nascendo daí o sentimento de gratidão. É um estado de êxtase.
Ao se defrontarem com sofrimentos, os messiânicos não os interpretam nem os aceitam de forma negativa, mas com alegria e positivamente, dizendo: “Recebi purificação”. Eles assim os encaram porque conhecem esse principio. Purificar o espírito é abrir caminhos para a bem-aventurança, e constitui a base fundamental da salvação.
Geralmente a ação de purificação é um sofrimento transitório, só existindo esse método para eliminar máculas do espírito. Enquanto elas existirem, o sofrimento não poderá ser evitado. Entretanto, se purificarmos até certo limite, ele não se fará necessário, desaparecendo o estado de infelicidade.
Não somente infelicidade e sofrimentos individuais, mas também estragos causados por tempestades, inundações, incêndios, terremotos, revoltas sociais e guerras, que poderiam ser chamados de sofrimentos coletivos, constituem ações purificadoras, sejam eles fenômenos naturais ou sociais. A origem de tudo isso, embora sob diferentes formas, baseia-se no mesmo princípio, tal como se manifesta em casos individuais.
Também podemos observar o princípio da purificação no surgimento de pragas e insetos nocivos nos produtos agrícolas.
O erro mais grave é a utilização de adubos antinaturais e inseticidas agrícolas. Eles penetram e misturam-se com o solo, onde as plantas crescem absorvendo esses produtos venenosos. No entanto, por existir uma ação da Natureza para purificar tudo aquilo que é impuro, surge uma purificação natural, isto é, a própria Natureza encarrega-se de criar insetos nocivos para consumir tais produtos agrícolas insalubres. Dessa forma, no lugar onde se acumulam impurezas, infalivelmente ocorre uma ação purificadora espontânea. Assim sendo, até o ponto em que o surgimento da mesma não seja mais necessário, é preciso que os seres humanos e todas as coisas da superfície terrestre tornem-se puros.
Seja como for, cada um de nós deve evitar máculas no espírito, o que constitui a linha mestra para a felicidade.
FORMAÇÃO DAS MÁCULAS
A grande Natureza, que faz crescer e desenvolver tudo, inclusive nos seres humanos, é a imagem da própria Verdade. Agir, pois, conforme ela nos indica, tendo-a como exemplo, é o verdadeiro caminho para a prosperidade.
Sentimentos e ações egoístas, desviados do princípio verdadeiro, são sentimentos pertencentes ao mal.
O acúmulo desses maus atos transforma-se em máculas, correspondentes aos desvios cometidos, as quais nublam o corpo espiritual do homem.
Quanto às causas físicas, o homem tem, desde seu nascimento, toxinas herdadas dos pais, e existem também as que são ingeridas após o nascimento. Essas toxinas são na maior parte causadas pelos medicamentos, pelos quais se tenta solucionar doenças por métodos científicos, encarando o homem sob o prisma da matéria.
O aparelho digestivo do ser humano não assimila tudo aquilo que ele ingere, mas só o que é estabelecido pela Natureza, como os alimentos, ou ainda, os derivados dos mesmos. Digere somente aqueles que são saboreados com prazer, existindo assim um limite regulado pelo próprio organismo.
Além do mais, adubos e inseticidas agrícolas, bem como substâncias químicas e diversos elementos adicionados aos alimentos que o homem ingere de modo inevitável, devido ao meio em que vive, são causadores dos chamados “danos alimentares”. E mais ainda, há várias toxinas geradas pelas impurezas da água e do ar, isto é, em virtude da poluição, as quais invadem o interior do corpo, aí permanecendo.
Com base na lei de “Identidade Espírito e Matéria”, essa grande quantidade de toxinas projeta-se no corpo espiritual e transforma-se em máculas.
Durante sua vida, por mais qualificado que seja e por mais que deseje praticar apenas atos virtuosos, o homem também pratica algumas parcelas de mal. Nesse caso, se a quantidade do mal for maior que a do bem, isso se refletirá no corpo espiritual e se transformará em mácula.
Independentemente das máculas originadas das ações da própria pessoa, existem também as provenientes dos ancestrais, isto é, as máculas herdadas pela afinidade espiritual.
Dessa forma o homem possui ilimitada quantidade de máculas, e, quando ela ultrapassa um determinado limite, ocorre a ação de purificação natural, o que, de conformidade com a “Lei do Espírito Precede a Matéria”, reflete-se no corpo material, transformando-se em doenças e infortúnios.
A formação das máculas coletivas também segue os mesmos processos. Os prejuízos causados pelas tempestades e inundações, as guerras, as revoltas sociais, etc., que têm a mesma origem, poderiam chamar-se “ação de purificação representativa do reino natural”. Sua causa são máculas acumuladas no Mundo Espiritual devido a más palavras e maus pensamentos do homem, a que já nos referimos anteriormente.
Descontentamentos, ódios, imprecauções, invejas, iras, falsidades, espírito de vingança, apegos, insultos e censuras a outrem, tudo é originado do mal e gera máculas no Mundo Espiritual. Nesse sentido, as tempestades e inundações jamais são calamidades naturais, mas calamidades humanas.
Se cuspimos para o alto, cairá em nossa própria cabeça. A Natureza é feita de modo que tudo retorne a si mesmo. Conhecendo, pois, as razões da Natureza, devemos respeitá-la e corrigir-nos. Porém, os homens não a levam em consideração, e em consequência, culpam a Sociedade, a Educação, etc., que, a seu ver, são maus, atribuindo-lhes a causa de suas desgraças. Colocando suas falhas na prateleira, tendem sempre a pensar que tudo tem causa fora de si mesmos.
É evidente que, constatado os defeitos na Sociedade, na Educação, na Economia etc., o fato de criticá-los e apontar seus erros pode proporcionar um incentivo ao progresso social, mas, se estivermos sempre cheios de rancor pelas pessoas e pelo mundo e cheios de descontentamento, isso, por sua vez, se transformará em máculas, significando novos sofrimentos para a eliminação das mesmas; assim, a sociedade de hoje está colocada dentro de um círculo vicioso.
Esse é o motivo por que surgem as máculas, que se transformam em sofrimentos; ação purificadora natural.
Para o homem tornar-se feliz, o primeiro e mais importante passo é não formar tais máculas no espírito.