OS ARTIGOS DE JORNAIS E A MENTIRA

Já faz muito tempo que se fala que nos jornais do Japão tem muita mentira, e até o comando geral, após o término da guerra, fez sérias advertências aos artigos mentirosos, o que é um fato ainda recente em nossa memória. Em novembro do ano passado, por ocasião do problema fiscal da nossa Igreja, todos os jornais disputaram notícias sobre os movimentos religiosos e outros pontos, misturando verdades e inverdades, o que é do conhecimento de todos.

Analisando esses artigos um a um, ficamos pasmados com a quantidade enorme de mentiras que eles continham. Na verdade, não pensávamos que fossem tantas. E se isso fosse nos jornais inferiores ao segundo escalão, ainda seria aceitável, mas até os grandes jornais de se contar nos dedos tinham colocado muitas mentiras, o que foi inesperado. Vendo isso, senti profundamente que a cultura japonesa ainda deixa muito a desejar, e não me contive de tristeza. Observando minuciosamente o método de escrita deles, vemos que ele depende unicamente do interesse, talvez por causa do princípio do comércio para agradar os leitores, e encontramos em toda parte criações e exageros.

Entretanto, se fosse somente o caso do interesse, não haveria motivo para recriminação, mas por aumentar os fatos, a pessoa em questão sai muito prejudicada. Por exemplo, um grande jornal publicou que o capital da nossa Igreja era de 2.000.000.000 a 3.000.000.000 de ienes, o que é um disparate, mas os leitores comuns, que nada sabem, colocam uma certa confiança por se tratar de um grande jornal. Desde que isso aconteceu, por uns tempos eu não tive mais sossego de tantas entrevistas que tive de fazer com pessoas vindas de todos os lados e que queriam empréstimos, fazer extorsão, etc., e também a concentração de cartas que aconteceu. Também por essas coisas, podemos ver o quanto a mentira do jornal causa prejuízos inesperados, o que necessita de muita reflexão. Uma vez que os artigos de jornais, hoje, ocupam uma posição semelhante à de um caderno didático para as pessoas em geral, se eles persistirem no princípio de vender o jornal com artigos sensacionalistas, sem considerar que existe o perigo de auxiliar essa onda de leviandade, será necessário uma grande reflexão e correção quanto a esse ponto.

Desde a Antiguidade, jornal é considerado o líder da sociedade e recebe o respeito como tal, portanto a sua responsabilidade deve ser muito grande. Por conseguinte, enquanto não corrigirem as diretrizes de até então, penso que eles terão de arcar com o nome sujo de se responsabilizar por uma parte do mal social, e por isso, se o jornal continuar a escrever mentiras como sempre, sem se importar com isso, nem devemos pensar na diminuição das mentiras pregadas por parte da população em geral. Desejo que pelo menos os grandes jornais façam redações exemplares tendo por lema a honestidade, e isso não é só desejo meu. Nesse sentido, para tornar o Japão reconstruído num país melhor, primeiramente devemos banir a mentira dos jornais, e o nosso ardente desejo é que suja pelo menos um tipo de jornal no Japão que não escreva mentiras.

Jornal Hikari nº 10, 25 de maio de 1949

 
 

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