O Japão, assim como todos os países que se dizem civilizados, é regido por leis. Entretanto, a realidade nos mostra que essa não é a forma ideal para se governar uma nação. Através da História, vê-se que é difícil exterminar os crimes somente com o poder das leis. Como não se consegue eliminar todo o mal do homem, os crimes são inevitáveis; consequentemente, só a Religião poderá trazer a verdadeira solução para o problema. Contudo, casos que exigem soluções imediatas não poderão ser resolvidos apenas por meio dela. Por esse motivo, em primeiro lugar é preciso ensinar ao homem o Caminho. Refiro-me ao Caminho Perfeito e à lógica.
Embora o assunto se assemelhe à antiga moral oriental, o que agora desejo anunciar é uma moral nova e progressista. Sou levado a isso pela evidente decadência moral da sociedade contemporânea, onde saltam aos nossos olhos a corrupção dos jovens, o aumento do índice de criminalidade e outros fatos. Até mesmo os intelectuais já estão percebendo a situação, tanto assim que aconselham a volta ao ensino da Moral nas escolas e a elaboração de algo que preencha as falhas da Educação. O assunto tem servido de tema para várias discussões, e é muito animador constatar a existência de uma preocupação nesse sentido.
Após a Segunda Guerra Mundial, os japoneses ficaram sem qualquer apoio, não tendo a quem recorrer. O resultado é que aumentou o número de criaturas desorientadas. Até o fim da guerra, em todas as escolas do país, o ensino tinha por base a Moral, as sábias palavras do Imperador e também a lealdade e o amor aos pais, profundamente enraizados no coração do povo japonês desde épocas antigas. É inegável, portanto, que a sociedade daquela época era muito mais honesta e sincera que a da época atual. Mas nem por isso devemos revitalizar essa velha moral; torna-se imprescindível criar uma ordem moral para a Nova Era. Após a guerra, estabeleceu-se a democracia no Japão, e assim nos libertamos do despotismo. Isso foi muito bom; pena é que se tenha ido além dos limites e chegado à situação presente, ou seja, a uma sociedade predisposta à desordem. Sendo assim, urge formar uma nova ideia moral que esteja em conformidade com a época, eliminando o que há de mau e aproveitando o que há de bom no antigo e no novo pensamento. É necessário construir um novo espírito japonês, semelhante ao do cavalheirismo inglês, por exemplo. Para tanto, como expus acima, a base é o Caminho, cuja noção deve ser intensamente apregoada, não só no ensino como na sociedade. Se conseguirmos, com isso, diminuir uma parte que seja do mal social, ficaremos muito satisfeitos.
Dando uma explicação mais compreensível sobre Caminho, isto é, o Caminho Perfeito, devo dizer que se trata de algo aplicável a todas as coisas; ou melhor, ele é a bússola orientadora da conduta humana. Seguindo o Caminho, o homem não terá insucessos nem desgraças, tudo lhe correrá bem. Gozará de maior confiança, será respeitado e amado pelo próximo e, logicamente, ficará em situação de harmonia e de paz. Na medida em que aumentar o número de indivíduos e de lares com tais características, o mal social irá diminuindo cada vez mais, graças à influência exercida por eles.
Por esse motivo, se continuarmos apoiando-nos apenas nas leis, como fazemos atualmente, crescerá o número de indivíduos espertos e malvados, os quais pensam que lhes basta agir de modo a não caírem nas mãos da Justiça. Em outras palavras, Deus, como sempre digo, é o Caminho Perfeito; adorar a Deus significa seguir o Caminho. Portanto, o homem que se submete ao Caminho Perfeito e por ele é regido, é um verdadeiro homem civilizado.
Este artigo eu ofereço aos intelectuais do mundo inteiro.
07 de fevereiro de 1951