Todo mundo parece estar usando a palavra "crise" hoje em dia. A palavra é usada tanto em contextos internacionais quanto domésticos, mas aqui gostaria de discutir como "crise" está sendo usada no cenário doméstico e enfatizar a relação de "crise" com a religião.

No âmbito doméstico, quando falamos de “crises”, geralmente nos referimos a questões econômicas, e especificamente às altas taxas de desemprego na agricultura e nas médias empresas. A base desses problemas econômicos, no entanto, repousa na política. O mau estado da economia é o que provocou a Liga de Sangue e os incidentes de 15 de maio.

O objetivo dos envolvidos nesses incidentes era corrigir os erros da má influência da política partidária na sociedade, em particular, a proteção das classes privilegiadas e os excessos da política majoritária. Mesmo supondo que as reformas pedidas pudessem ser bem-sucedidas, ainda poderíamos desfrutar de um sistema político perfeito?

Tenho sérias dúvidas quanto à possibilidade desse sucesso.

Tenho dúvidas sobre essa possibilidade porque a base do governo constitucional é formada tanto pelos eleitores quanto pelos que recebem os votos. As reclamações sobre o sistema costumam ser feitas apenas aos partidos políticos, ou seja, aos grupos daqueles indivíduos que recebem os votos. Não haverá verdadeiro sucesso em melhorar o governo constitucional até que o outro lado de sua fundação, os eleitores, também melhore.

Se a causa da corrupção política está na compra de votos, então os vendedores de votos, os eleitores, são tão culpados quanto os políticos que tentam comprar seus votos. As formas políticas são meramente secundárias, e o cerne do sistema é o grau de senso de justiça daqueles que fazem parte do sistema. Um senso de moralidade que se recusa terminantemente a receber ofertas para comprar seu voto deve ser instilado no povo.

A situação atual certamente mostra que a educação tem sido ineficaz. Tenho certeza de que o poder da religião pode cultivar um senso de justiça. Os líderes religiosos devem doravante trabalhar arduamente para despertar um senso de justiça política no povo. Eu acredito que é por isso que a sociedade não tem os líderes religiosos em alta consideração. Os líderes religiosos perderam de vista os problemas que as pessoas enfrentam na vida diária e não estão despertando para o fluxo do tempo.

Luz do Oriente, 1ª Edição - 23 de janeiro de 1935

Traduzido pela Equipe Jinsai