Desde eras remotas, nunca houve questão que tivesse gerado tanta controvérsia e discussão quanto a morte, nem que tivesse concentrado tantos esforços na tentativa de esclarecê-la, por parte das pessoas comuns e de grandes religiosos, sábios e filósofos. Não existe nada mais temível, pois a morte tem o poder de ceifar a esperança e a felicidade de qualquer um. Excetuando-se casos especiais, na maioria das vezes, ela é causada pela doença, fator considerado inevitável. Se ocorre antes dos noventa anos, é motivada por doença; portanto, trata-se de morte antinatural.
Quando o homem cumpre o seu tempo de vida, começa a enfraquecer naturalmente, até que por fim morre. A morte natural é desprovida de dores e sofrimentos e, na maioria dos casos, a própria pessoa pressente a sua chegada. Se for acompanhada de sofrimento, não é morte natural; portanto, dizer de uma pessoa que teve morte prematura como se seu destino se resumisse a isso, na realidade, não passa de uma atitude de resignação. Conta-se que o famoso mestre zen-budista Etsuren Torisu, falecido recentemente, com cento e doze anos de idade, previu a sua própria morte e, antes de morrer, dirigiu suas últimas palavras a dezenas de pessoas reunidas à sua volta, entre as quais parentes e amigos. Ao chegar a hora prevista, morreu serenamente, sem qualquer sofrimento. Trata-se, sem dúvida alguma, do melhor exemplo de morte natural.
1939