AURA

Já falei a respeito do Johrei como transmissão da Luz Divina, mas darei agora uma explicação mais profunda.

O corpo espiritual do homem possui a mesma forma do corpo carnal; a única diferença é que no corpo espiritual existe aquilo que denominamos “aura”.

O corpo espiritual irradia incessantemente uma espécie de ondas de luz. É como se fosse a veste do corpo espiritual, daí a denominação “aura”. Sua cor é geralmente branca, porém, conforme a pessoa, poderá ser amarelada ou roxa. Também há diferença de largura: normalmente tem cerca de três centímetros, mas no enfermo é fina; à medida que a enfermidade se agrava, a aura vai afinando cada vez mais, e na hora da morte desaparece. A expressão popular “Fulano está com a sombra da morte na face” justifica-se pela percepção de que a aura de pessoas nesse estado é quase inexistente. Nas pessoas saudáveis, ao contrário, ela é larga. Essa largura torna-se ainda maior nos virtuosos, cujas ondas de luz também são mais fortes; nos heróis, a aura é mais larga do que nas pessoas comuns; nas personalidades ilustres do mundo, é ainda mais, sendo extraordinariamente larga nos homens santos.

Entretanto, a largura da aura não é fixa; varia constantemente, de acordo com os pensamentos e atos da pessoa. Quando esta pratica ações virtuosas, baseada na justiça, sua aura é larga; caso contrário, é fina. As pessoas de sensibilidade comum em geral não conseguem enxergar a aura, mas existe quem o consiga. Mesmo aquelas, se observarem atentamente, poderão vislumbrá-la.

A largura da aura tem relação direta com o destino do homem. Quanto mais larga ela for, mais feliz ele será. Os que têm aura larga são mais calorosos, causam uma boa impressão e atraem muitas pessoas, porque as envolvem com sua aura. Ao contrário, aqueles cuja aura é fina causam uma impressão de frieza, desagrado e tristeza, e temos pouca vontade de permanecer em sua companhia.

Em face do que dissemos, o esforço para aumentar a largura da aura é a fonte da felicidade. Mas de que forma devemos agir? Antes de responder a essa pergunta, darei uma explicação sobre a natureza da aura.

Já sabemos que todos os pensamentos e atos humanos se subordinam ao Bem ou ao Mal. A largura da aura também é proporcional à soma do Bem ou do Mal. Isto significa que, na ocasião em que a pessoa pensa ou pratica o Bem, surge-lhe o sentimento de satisfação na consciência, o qual se transforma em luz e soma-se ao seu corpo espiritual, aumentando-lhe, assim, a luminosidade; ao contrário, o Mal transforma-se em máculas, que também se acrescentam às já existentes no corpo espiritual da pessoa. Ao mesmo tempo, quando se faz o Bem, a gratidão do beneficiado torna-se luz, e esta, através do elo espiritual, é transmitida para o praticante do Bem, aumentando-lhe, conseqüentemente, a luz; em contraposição, pensamentos de vingança, ódio, inveja, etc., transformam-se em máculas, que são transmitidas à outra pessoa pelo elo espiritual, somando-se às que ela já possui. Sendo assim, é importante que o homem pratique o Bem, alegre o próximo e dele jamais receba pensamentos como os que mencionamos.

O fracasso e a ruína daqueles que rapidamente conseguiram fortuna ou posições elevadas têm origem no que acabo de expor. Atribuindo a causa do sucesso à sua capacidade, inteligência e esforço, a pessoa cai na presunção e na vaidade, torna-se egoísta e arrogante, vive uma vida de luxo, passando a ser alvo de sentimentos geradores de máculas. Em conseqüência disso, a sua aura vai perdendo luz e afinando, e acaba sobrevindo a ruína. Esse é o fim de muitas famílias nobres e de muitos milionários. Socialmente, ocupam posição superior e recebem da sociedade e do País os favores correspondentes a essa posição, razão pela qual deveriam retribuí-los adequadamente, isto é, fazendo o Bem em abundância. Dessa forma, suas máculas estariam sendo eliminadas constantemente. A maioria das pessoas, entretanto, só pensa em proveito próprio; em decorrência disso, avolumam-se-lhes as máculas e o seu espírito desce a um nível muito baixo, apesar de conservarem as aparências. Por fim, pela Lei do Espírito Precede a Matéria, essas pessoas acabam arruinadas.

Um pouco antes do grande terremoto ocorrido em 1923 na Região Leste, o qual arrasou Tóquio, um vidente me disse que, ao invés da cidade de prédios grandes e magníficos, vira uma cidade cheia de casebres. E qual não foi a minha surpresa ao constatar que realmente a cidade ficara como ele havia visto!

Ainda podemos citar outro exemplo. Refere-se ao industrial americano John D. Rockfeller (1839-1937) e ocorreu quando ele era jovem e ainda não havia acumulado sua fabulosa fortuna. Rockfeller tinha começado a trabalhar numa loja e, baseado no conceito de que o homem deve fazer o Bem, começou a dar donativos para uma igreja. Inicialmente dava cinco centavos por semana, mas, conforme o aumento de sua renda, foi aumentando o donativo, até que acabou instituindo o famoso Rockfeller Research Center. Ele registrava as quantias doadas no verso de uma caderneta que, segundo dizem, é considerada tesouro familiar.

Falam, também, que Andrew Carnegie (1835-1919), fundador da Bethlehem Steel Corp., a maior firma do gênero na América do Norte, fez prevalecer, quando morreu, a tese que sempre defendera, destinando a obras de assistência social quase toda a sua fortuna, avaliada em bilhões de dólares. Para o seu herdeiro deixou apenas um milhão de dólares e educação universitária garantida. A propósito, o grande psicólogo alemão Hugo Munsterberg (1863-1916) elogia os milionários que não deixam heranças.

Só em 1903, segundo dizem, as doações de milionários americanos a universidades, bibliotecas e institutos de pesquisas somaram mais de dez milhões de dólares, sendo que as doações anônimas teriam superado várias vezes essa quantia. Logo após a Primeira Guerra Mundial, Andrew Carnegie doou uma quantia muito elevada à International Peace Foundation, e com uma parte dessa importância a Ciência e a Educação na Alemanha foram grandemente beneficiadas. A edição de volumosa obra de pesquisa – a primeira do mundo – sobre guerra e crime, realizada por uma equipe de mestres liderada pelo professor Lipmann (1857-1940), foi possível graças a essa ajuda, e dizem ser inestimável a contribuição que ela trouxe para a felicidade mundial. Ao pensar em tais fatos, posso compreender por que os Estados Unidos prosperaram tanto. Os grandes grupos econômicos do Japão, entretanto, foram excessivamente egoístas, e julgo que a isso se deva sua queda, e nunca a uma coincidência.

Quanto mais fina é a aura, mais sujeita está a pessoa a infelicidade e desastres. A razão é que, em virtude das máculas, o intelecto fica entorpecido, o raciocínio falha, a força de decisão diminui, e não se pode ter uma previsão correta das coisas; por conseguinte, a pessoa se impacienta, pois deseja o sucesso rápido. Tais criaturas podem conseguir sucesso passageiro, mas nunca duradouro. Nesse sentido, se a política de uma nação é ruim, é porque a aura de seus governantes é fina, assim como também a do povo, que sofre as conseqüências dessa má política.

Aqueles que têm grande quantidade de máculas geralmente passam por muitas purificações; facilmente são vítimas de doenças ou acidentes. Quem sofre acidente de trânsito é porque tem aura fina; quem tem aura espessa, em qualquer situação livra-se do perigo. Por exemplo, na iminência de alguém ser apanhado por um veículo, o espírito deste se chocará com a pessoa se ela tiver aura fina, mas não ocorrerá o choque se a sua aura for espessa. Nesse caso a pessoa é arremessada para longe e nada sofre, graças à elasticidade da sua aura.

Refletindo sobre o princípio aqui exposto, podemos concluir que o único meio para nos tornarmos felizes é aumentarmos a espessura da nossa aura praticando o Bem. Existem criaturas que se resignam diante da má sorte; elas me causam pena, pois não conhecem esse princípio. Também, quanto mais espessa for a aura dos ministros desta Igreja, mais pessoas eles salvarão, e, quanto mais pessoas salvarem, mais agradecimentos receberão, o que fará aumentar a espessura de sua aura. Simultaneamente, melhores serão os resultados do seu trabalho de difusão. Tenho muitos discípulos assim.

5 de fevereiro de 1947