Acontece raramente, embora seja algo frequente desde tempos remotos, de algum fiel dizer que teve a inspiração de Deus, que Ele revelou isto ou aquilo, e acredita em tudo isso. O Deus, no caso, é de nível inferior, e com o tempo será desmascarado, porque por algum tempo as pessoas serão ludibriadas.
Dizer isto soa um tanto estranho, mas a verdade é que meu Deus difere dos demais em categoria. Por exemplo, Cristo dizia sempre que nascera pela vontade do Pai do Céu ou que Jeová disse isto ou aquilo. Da mesma forma, os fundadores do Tenri-kyo e Oomoto-kyo diziam que recebiam revelações de Deus e sempre rezavam a Ele. Eu não rezo a Deus.
Deus está alojado em meu ventre. O que digo e faço liga-se diretamente a Ele e, sendo Supremo, neste sentido merecia ser rezado, e não há necessidade, nem Deus a quem eu deva rezar. Todos os demais são inferiores a mim e eu, atuando livremente, é o mesmo que o Deus Supremo atuando. Este é o significado de eu não reverenciar a imagem de Deus.
Isto é inédito no mundo religioso. Sakyamuni, Cristo e Maomé rezavam a Deus e recebiam as instruções, o que não necessito fazer. Tenho a força de, por exemplo, ao escrever, as letras se moverem. Na verdade, para redigir um escrito ou amuleto, os fundadores de religião, antes de mais nada, vestiriam um traje litúrgico a rigor e orariam a Deus; mas eu escrevo sem essas roupas, sento-me à vontade mesmo para escrever a Luz Divina. Não há necessidade de complicações. Basta terem esse conhecimento. Portanto, não há nenhum problema, mesmo se forem inspirações de Deus.
Até agora, deixei de manifestar estas coisas porque não queria, mas se não o fizer, certamente os fiéis sentir-se-ão abençoados ouvindo supostas inspirações divinas de outros.
05 de abril de 1952