CAPÍTULO 9 – AS DOENÇAS E A CIÊNCIA MÉDICA

Já falei sobre os dois grandes sofrimentos, guerra e doença, como causas da anticivilização. Há ainda um terceiro, que é a pobreza. Esta, porém, será solucionada naturalmente, quando forem resolvidos os problemas da guerra e da doença. Por isso, não me estenderei a respeito.

Explicarei, inicialmente, a causa das guerras. Estas são geradas por uma falha espiritual, isto é, por mentes doentias. As guerras poderão ser solucionadas quando o problema das doenças físicas tiver sido resolvido, pois tanto a doença, como a guerra e a pobreza, têm sua origem na mesma causa. Portanto, a solução está em criar homens genuinamente sãos, isto é, perfeitos de espírito e corpo. Isto não é tão fácil como possa parecer, mas eu afirmo que não é impossível. Deus revelou-me o meio infalível de solucionar esses problemas. Tal é a minha missão e este livro representa um passo em direção a essa meta.

Comecemos por examinar as doenças. Como eu já disse, é preciso ver os dois lados das enfermidades: o do corpo e o do espírito. Hoje em dia as pessoas, de um modo geral, pensam que as doenças só se manifestam no corpo. É aqui que reside o erro. A guerra é causada por indivíduos de espírito enfermiço. Por isso, enquanto os homens não se tornarem física e espiritualmente sãos, nem é preciso dizer que não surgirá o mundo verdadeiramente civilizado. Mas como pode esse mundo tornar-se realidade? Antes de mais nada, é preciso compreender o seu princípio fundamental e descobrir o meio que possibilite a sua concretização. Eu descobri esse princípio e encontrei o meio pelo qual se chegará à solução absoluta. Isto será minuciosamente examinado. Antes, porém, descreverei o jisso[1] do planeta que habitamos.

Até agora, a ciência só admite a existência da matéria, julgando que nada existe além dela. Esta maneira de pensar é grandemente errônea, pois nesse “nada” certamente existe o que há de mais importante para a humanidade. Mas por que, pode-se perguntar, isto não foi até hoje compreendido? Porque o homem depende exclusivamente da ciência materialista. E as teorias científicas materialistas determinam que as coisas que não podem ser detectadas não existem. Por isso, embora a ciência materialista tenha progredido tanto, não chegou a perceber esse aspecto. Essa idéia dogmática sepultou nas sombras da negação tudo o que não pode ser conhecido por meio da ciência materialista. Isto nos mostra como é obstinado e cheio de preconceitos o cérebro dos cientistas. De qualquer modo, o fato é que a felicidade humana não acompanha o progresso da cultura. Tudo isto será gradativamente explicado.

Como já mencionei, a verdadeira ciência médica deve criar homens perfeitos de espírito e de corpo. Estará a atual ciência médica progredindo nesse sentido? Muito ao contrário, graves erros são cometidos e, sem exagero, pode-se dizer que contribui para criar doenças e aumentar o número de enfermos.

Examinemos detidamente o ponto de vista da ciência médica. Não compreendendo a causa das enfermidades, a medicina interpreta tudo ao contrário. E nem poderia ser de outra forma, porque evoluiu tomando por base apenas as teorias materialistas. Em conseqüência, a medicina se dedica a aliviar somente os sofrimentos que se manifestam na parte exterior. O progresso da medicina não passa, pois, de um progresso dos métodos de amenizar temporariamente os sofrimentos. Mediante a aplicação dos mais variados meios materiais – medicamentos, máquinas, radioatividade, etc. – obtém-se o alívio dos sofrimentos. E isto é erroneamente tomado como prova de que a doença foi curada. Na realidade, entretanto, há uma diferença fundamental entre a amenização do sofrimento e a cura de doenças. A primeira é temporária, e a segunda é definitiva. Além disso, os próprios métodos destinados a aliviar o sofrimento criam doenças ou provocam o seu agravamento. Por isso, trata-se de um problema sério.

Sendo a medicina puramente materialista, trata o corpo humano como se não passasse de simples matéria, colocando o homem em plano de igualdade com os outros animais. Por isso, no esforço de descobrir a origem das moléstias, toma animais como objetos de estudo e, quando obtém algum resultado com as suas experiências, imediatamente os aplica aos seres humanos. Isto também constitui um grande erro, pois o homem é completamente diferente dos outros animais em sua forma, essência e conteúdo. Por causa dessa diferença, as moléstias do homem devem ser estudadas no próprio homem. Caso contrário, será impossível o estabelecimento de uma medicina que o cure.

Há outro ponto a assinalar. No ser humano, a psique exerce uma influência incalculável sobre a doença, o que não ocorre com os animais. Quando um homem, por exemplo, é declarado tuberculoso, sofre um grande impacto psicológico e fica visivelmente abalado, como é do conhecimento dos médicos em geral.

Assim, pode-se concluir que as principais falhas da medicina atual são as seguintes: 1) trata o homem, que é composto de espírito e corpo físico, como se tivesse apenas corpo, negligenciando o espírito; 2) classifica o homem na categoria dos outros animais.

[1] Jisso: no budismo, o Estado Real, o contrário da ilusão.