CAPÍTULO 20 – A PRIMAZIA DO ESPÍRITO SOBRE A MATÉRIA

No capítulo anterior, vimos a relação entre o Mundo Imaterial e as doenças humanas. Chamamos esse Mundo Imaterial de Mundo Espiritual. Agora examinaremos a relação entre o Mundo Espiritual e o ser humano.

O homem é constituído de dois principais elementos, inseparavelmente unidos: corpo e espírito. O corpo é visível por ser material. Mas o espírito, por ser invisível, não tem sido geralmente compreendido. Sua existência, porém, é igualmente certa. Trata-se de uma espécie de corpo etéreo e existem meios para percebê-lo. Assim como o corpo físico está dentro do ar, o espírito do homem está dentro do Mundo Espiritual. O Mundo Espiritual é um corpo transparente muito mais rarefeito do que o ar, com o qual não pode ser comparado. Por isso, é compreensível que tenha sido considerado como nada. E, no entanto, esse mundo é antes a fonte de onde se originam todas as coisas. Nele está armazenada uma energia absoluta e infinita que gera e desenvolve tudo o que existe.

A essência do Mundo Espiritual é formada por uma fusão perfeitamente integrada dos espíritos (sei) do Sol, da Lua e da Terra. É um mundo misterioso, que está além da imaginação. A questão é que o ser humano, quando desempenha as suas funções individuais, acumula nuvens no espírito da mesma maneira como acumula sujidades no corpo físico. Assim como o banho lava as sujidades acumuladas no corpo físico, uma ação purificadora natural surgirá para limpar as impurezas do corpo espiritual. Isto ocorre não somente com o homem, mas também com todas as outras coisas do Céu e da Terra. Quando, por exemplo, impurezas se acumulam no corpo espiritual da Terra, a Natureza as concentra num determinado lugar para limpá-las mediante a baixa pressão atmosférica, que é uma atividade purificadora.

As tempestades, enchentes e incêndios, seja os deflagrados por raios ou provocados pelo homem, também constituem atividades purificadoras. De modo análogo, processa-se ação purificadora no ser humano. As impurezas que se acumulam no espírito do homem são uma espécie de nuvens. Essas nuvens formam a parte opaca do espírito que, originalmente, é um corpo transparente.

As nuvens são criadas de duas maneiras: 1) podem surgir no próprio espírito; 2) podem refletir-se do corpo para o espírito.

Explicarei, primeiramente, a parte espiritual. Verticalmente, o homem é constituído de três níveis concêntricos. Horizontalmente, temos três camadas concêntricas, que podem ser imaginadas desta forma:

A alma, naturalmente, é o centro do círculo. Pela Lei da Natureza, quando um ser humano é concebido neste mundo, a alma, procedente do homem, é instalada no ventre da mulher. A alma em si, como se sabe, é um pontinho infinitesimal. Cada alma tem a sua individualidade e exerce absoluto controle sobre o indivíduo enquanto este tiver vida.

A alma é envolta e protegida pela mente. A mente é envolta pelo espírito. O espírito enche o corpo inteiro e por isso tem a mesma forma do corpo físico. Como o espírito e o corpo estão unidos, o estado da alma reflete no espírito através da mente. Ao mesmo tempo, o estado do espírito também reflete na alma através da mente. A alma, a mente e o espírito estão inter-relacionados, podendo ser considerados uma trindade.

O homem, durante a sua existência, pratica tanto o Bem quanto o Mal. Quando o Mal é maior do que o Bem praticado, transforma-se em pecados e máculas que anuviam a alma. Estas nuvens toldam a mente e, a seguir, também o espírito. Quando a acumulação de nuvens ultrapassa um certo limite, surge uma ação purificadora espontânea para dissolvê-las e eliminá-las. Antes de iniciar-se esse processo, as nuvens esparsas se acumulam pouco a pouco em um ou mais pontos, onde se adensam e diminuem de volume, até se solidificarem.

O interessante é que as áreas onde ocorre a condensação correspondem ao pecado cometido. Assim, por exemplo, as nuvens se condensarão nos olhos de quem pecou com os olhos, na cabeça ou no peito de quem pecou com a cabeça ou com o peito.

Esclarecerei, agora, a segunda parte. Aqui, ao contrário do que ocorre na primeira, as nuvens refletem do corpo para o espírito. Neste caso surgem, inicialmente, impurezas no sangue, ou seja, sangue impuro. Isto reflete no espírito sob forma de nuvens. Como no caso anterior, também estas se concentram em um ou mais pontos, onde se adensam.

O sangue é a materialização do espírito e o espírito é a espiritualização do sangue. Pode-se dizer, portanto, que o espírito é igual ao corpo. Só que, pela Lei, o espírito é o principal e o corpo é secundário. De qualquer maneira, por essa razão, há uma incessante acumulação e solidificação de toxinas no corpo físico. Estas são dissolvidas pela ação purificadora e eliminadas sob forma liquefeita por uma parte qualquer do corpo. A dor e o desconforto decorrentes desse processo é que são considerados doenças.

Mas o que produz sangue impuro no organismo? Por mais surpreendente que possa parecer, são os próprios medicamentos, que ocupam o lugar de honra nos tratamentos médicos. Contudo, não existe neste mundo algo a que se possa chamar de remédio. Tudo o que é hoje considerado como remédio, é na verdade um veneno. Isto é bem comprovado pelos fatos. Quando um doente começa a receber tratamento médico, os próprios remédios prolongam ou agravam a enfermidade, muitas vezes produzindo complicações. O sangue impuro produzido pelos remédios reflete no espírito sob forma de nuvens, que passam a ser a causa das doenças. Conseqüentemente, são os próprios métodos de cura empregados pela medicina atual que geram enfermidades.

Já vimos que, pela Lei Universal, o espírito é o principal e o corpo é secundário. Conseqüentemente, quando as nuvens do espírito são eliminadas, o sangue impuro se torna puro e as enfermidades são perfeitamente curadas.

O meu método de cura consiste na aplicação deste princípio. Chama-se Johrei e tem por objetivo purificar o espírito. Por isso, cura radicalmente as doenças. Mas a medicina progrediu ignorando totalmente o espírito e tendo somente o corpo por objeto. Em última análise, resultou num método de cura temporária. Os tratamentos médicos, na verdade, não produzem uma cura radical.

Um paciente que se submeteu a uma cirurgia pode parecer plenamente curado. Contudo, ainda que não haja recorrência da enfermidade original, uma outra moléstia surgirá inevitavelmente. A apendicite, por exemplo, não ressurge depois que se remove a parte afetada. Mas o paciente estará facilmente propenso a uma adenite ou a alguma outra moléstia, nos rins ou nas áreas adjacentes. Isto porque, a despeito da remoção do apêndice, as nuvens permaneceram. Além do mais, a introdução de novos medicamentos aumenta as impurezas do sangue, produzindo novas nuvens. Estas, acrescentadas às nuvens anteriormente existentes, mudam de lugar, ocasionando doenças em outras áreas.

Vejamos, agora, as alterações sofridas pelo sangue impuro. Por meio da purificação incessante, o sangue impuro se torna cada vez mais denso, até produzir-se uma alteração nas células sanguíneas que, ao se transformarem em células brancas, darão origem ao pus. Quando há uma mistura de pus e sangue, ainda estamos a meio caminho do processo de transformação. Numa etapa mais avançada, elas já se terão convertido totalmente em pus. Por isso, o catarro do tuberculoso, por exemplo, vem freqüentemente misturado com sangue. A este processo a medicina chamou de fagocitose.