Pergunta: Por favor, ensine-nos algo a respeito dos fenômenos Shiranui[1] em Kyushu[2] e miragens em Hokuriku[3].

Meishu-Sama: No Shiranui, vê-se algo semelhante ao fogo. Teorias acadêmicas e religiosas são completamente distintas. Não é possível determinar qual é verdadeira ou falsa.

Dizem que, na época do Imperador Jinmu[4], o registro da história do Japão e outros artigos literários foram jogados ao Mar de Shiranui[5]. Então, por se tratar de algo importante, um ryujin[6] passou a protegê-los. Assim sendo, trata-se do fogo expelido por um karyu[7]. O karyu tem apreço pela água. Portanto, estão sendo protegidas por um karyu. De tempos em tempos, esse fogo é visível.

Uma parte desses registros foi roubada e levada para Toyama, em Etchu[8]. Dizem que Takeutchi[9] descende da Amatsu-kyo[10]. Na Era Meiji (1867-1912), os registros foram encontrados durante uma escavação, mas por se tratar de algo relacionado à família imperial, foram enterrados novamente. No entanto, um militar acabou escavando-os posteriormente.

São registros feitos em shindai-moji[11] e, conforme tradução feita por Katsutoki Sakai (1874-1940), pesquisador do shindai-moji, descobriu-se o registro de 72 gerações de imperadores que antecederam ao Imperador Jinmu. Dentre eles, encontra-se o Imperador Amaterasu, cuja esposa é Amaterasu Ookami, que, por sua vez, foi a única esposa desse imperador. O Imperador Amaterasu (Imperador Izunome) fugiu do Japão, foi para a Índia e tornou-se Kannon. Momotaro[12] era seu príncipe herdeiro. Também há passagens do Imperador Hikohohonodemi[13].

A estimativa de vida dessas divindades era extremamente longa. As que mais viveram tinham cerca de 500 a 600 anos de idade. Isso também pode significar a possibilidade do mesmo nome ter existido por duas ou três gerações. Também foram encontrados shindai-moji em Kuroishi[14]. Neles, há registro de uma outra versão dos dez mandamentos de Moisés. Além disso, foram achados antigos objetos sagrados, como uma lança de aproximadamente 150 cm. Um trecho do documento de Oomaro Takeuchi foi confiscado pelo Ministério da Justiça. Contudo, ele solicitou a Onisaburo Deguchi (1871-1948), que entregou para Tsurudono[15], parente da esposa do imperador[16], na intenção de guardá-los no Departamento da Família Imperial. Entretanto, o pedido foi negado, pois, se tal documento fosse o original, os anteriores perderiam a credibilidade. Por esse motivo, o julgamento de Takeutchi estendeu-se por longos anos.

Pelos registros de Takeutchi, muitos tiveram vida longa. O que mais viveu chegou aos 334 anos e, hoje em dia, quem mais viveu chegou aos 180 anos. Também dizia que, atualmente, o ser humano mais velho era um homem que vivia na Bulgária e tinha 156 anos e que existia uma mulher com 120 anos de idade.

Sem a toxina dos fármacos e caso a alimentação após certa idade for feita à base de verduras, é possível chegar aos 120 anos de idade.

É possível ver o Castelo Ryugo[17], edificado na península coreana, por meio de miragens. Isto porque o vapor d’água projeta as paredes do castelo.

Sem data

Traduzido pela Equipe do Jinsai.org

[1] Shiranui: Fenômeno ótico semelhante à miragem que ocorre em alto-mar devido à inversão térmica. Geralmente, o fenômeno é presenciado durante o verão japonês no Mar de Yatsuhiro e no Mar de Ariake, ambos localizados na ilha de Kyushu.

[2] Kyushu: Terceira maior ilha do arquipélago japonês, localizada ao sul.

[3] Hokuriku: Antigo nome de uma região geográfica localizada ao norte da principal ilha do arquipélago japonês, que equivale atualmente às províncias de Ishikawa, Fukui, Niigata e Toyama.

[4] Imperador Jinmu: O Imperador Jinmu (711-585 a.C.) foi o primeiro imperador do Japão. Governou entre 660 até 585 a.C. e a linha de sucessão dos imperadores japoneses baseia-se nos descendentes de Jimmu.

[5] Mar de Shiranui: Como também é conhecido o Mar de Yatsushiro, extensão marítima semifechada que separa a ilha de Kyushu das ilhas de Amakusa.

[6] Ryujin: Termo que, em tradução livre, significa “divindade dragão”. Trata-se de uma divindade cultuada como padroeira das águas ou divindade dos mares. Também é considerada protetora de lagos, córregos, rios, mares e oceanos. Desempenha um papel divino nas lendas japonesas por ser considerada a divindade que controla o movimento dos mares.

[7] Karyu: Termo que em tradução livre significa “dragão do fogo”.

[8] Etchu: Antiga província do Japão na região central da principal ilha do arquipélago japonês. Sua área abrange a atual província de Toyama.

[9] Takeutchi: Trata-se de Oomaro Takeutchi, que se tornou famoso por ter divulgado textos polêmicos sobre o futuro da nação japonesa no início da Era Showa (1926-1989). O incidente passou a ser conhecido como Takeutchi Bunsho (Documentos Confidenciais de Takeuchi), mas posteriormente foi comprovada a falsidade dos textos que ele divulgou.

[10] Amatsu-kyo: Nova religião japonesa que surgiu no início da era Showa (1926-1989). Em 1952, após a criação da Lei das Novas Religiões, passou a chamar-se Kouso Kodaijingu Amatsu-Kyo.

[11] Shindai-moji: O original em japonês pode ser traduzido como “Caracteres da Era das Divindades”. Trata-se dos ideogramas utilizados no Japão antes da adesão do kanji (ideogramas adquiridos a partir dos caracteres chineses). Desde a Era Edo (1603-1868) estão sendo realizadas pesquisas para comprovar a veracidade dos registros escritos nesses caracteres.

[12] Momotaro: Popular herói do folclore japonês que, segundo a atual lenda (datada da Era Edo), veio à Terra dentro de um pêssego gigante e foi adotado por um casal de idosos. A lenda também conta que ele recebeu dos pais adotivos kibidango (bolinhos feitos de arroz) e partiu para a onigashima (ilha dos demônios) para derrotar os demônios acompanhado de um cachorro, um macaco e um faisão.

[13] Imperador Hikohohonodemi: Personagem mencionado na mitologia japonesa.

[14] Kuroishi: Cidade localizada na província de Aomori, que fica ao extremo norte da ilha principal do arquipélago japonês.

[15] Tsurudono: Trata-se de Tchikako Tsurudono, que foi membro da Oomoto.

[16] Esposa do imperador: Imperatriz Shoken (1849-1914), esposa do Imperador Meiji (1852-1912).

[17] Castelo Ryugo: Na mitologia japonesa, o Castelo Ryugo é descrito como o palácio submarino da divindade dos mares. Os aspectos desse castelo são retratados na lenda do folclore japonês sobre o pescador Urashima Taro.