A história das redondezas de Ayabe[1] (o Monte Hongu[2])
Pergunta: Existe um monte chamado Misen na prefeitura de Kyoto (entre as cidades de Ayabe e Maizuru). A divindade cultuada é a princesa Konohana Kannon e nas entranhas desse monte existe o santuário xintoísta Mikumari[3]. Há alguma história a respeito do local, da divindade ou sobre o santuário? Ensine-nos, por favor.
Meishu-Sama: O monte Misen é aquilo que, no Budismo, recebe o nome de montanha Shumisen[4]. Trata-se de um monte supremo que, no Japão, é o Monte Fuji.
No monte Hongu, em Ayabe, cultuava-se Amaterasu Ookami. Aquela região tem muita afinidade com as divindades. Nos tempos remotos, Tanba[5], Tango[6], Tajima[7], entre outros locais, eram considerados pontes celestiais[8], que são lugares pelos quais as divindades faziam a travessia entre o Céu e a Terra. Há, portanto, uma razão para a religião Oomoto ter se originado em Ayabe.
A divindade é a princesa Konohana[9], que foi para o Mundo Búdico e se tornou uma Kannon. No santuário xintoísta Mikumaki é cultuada a divindade da chuva, que não chega a ter relevância.
Hatchiman[10] tem mutua ligação com o Imperador Ojin[11] e com a divindade xintoísta Hikohohodemi-no-Mikoto. O culto à divindade é algo mais antigo, mas, geralmente, é associado ao Imperador Ojin. O imperador professava a fé em Kannon, pela qual cultuava os falecidos imperadores do Japão. Ele tinha afinidade com Kannon e, portanto, pode-se dizer que se trata do nascimento de Kannon.
1948
Traduzido pela equipe do Jinsai.org
[1] Ayabe: Cidade japonesa localizada na província de Kyoto, que é o berço da religião Oomoto.
[2] Monte Hongu: Monte ao sul na cidade de Ayabe. Nele foi construído o Baisho-en, centro das atividades religiosas da religião Oomoto. Em 1921, durante a primeira perseguição sofrida pela Oomoto, o santuário Hongu-zan edificado no local foi totalmente destruído pelos oficiais do governo.
[3] Mikumari: Santuário onde antigamente era cultuada a divindade das chuvas. Após o período Heian (794-1185), o fonema mikumari passou a ser associado a mikomori (forma polidade de dizer “proteger crianças”) e, desde então, também passou a ser um santuário para o culto de divindades que protegem a criação e educação de crianças.
[4] Shumisen: Montanha sagrada mitológica com cinco cumes presente na mitologia hindu, jainista e budista. É considerada o centro de todos os universos físicos, metafísicos e espirituais.
[5] Tanba: Antiga província do Japão que corresponde atualmente à parte central da prefeitura de Kyoto e ao centro-leste da província de Hyogo.
[6] Tango: Antiga província do Japão que corresponde à região norte da atual prefeitura de Kyoto, banhada pelo Mar do Japão.
[7] Tajima: Antiga província do Japão que corresponde ao norte da atual província de Hyogo.
[8] Ponte celestial: Em japonês é utilizado o termo AMANOHASHIDATE, que ao pé da letra pode ser entendido como uma ponte do Céu no sentido vertical, ou seja, entre o Céu e a Terra.
[9] Princesa Konohana: Outra forma de chamar a princesa Konohanasakuya (Florescimento das Árvores). Consta no Kojiki que ela é filha de Oyamatsumi-no-Mikoto (Deus Regente das Montanhas), esposa de Ninigi-no-Mikoto (neto de Amaterasu) e teve seus filhos em um castelo consumido pelo fogo, tornando-se os antepassados da família imperial do Japão.
[10] Hatchiman: Divindade da mitologia japonesa considerada a divindade do arco e da flecha. Apesar de ser vista como a divindade da guerra, é mais corretamente definida como divindade protetora dos guerreiros. Seu nome significa “oito bandeiras”, uma referência às oito bandeiras celestes que marcam o nascimento do Imperador Ojin.
[11] Imperador Ojin: Nasceu em 199 e tornou-se o 15º imperador do Japão em 270. Governou o Japão medieval até a sua morte em 310.