No mundo da Era da Noite, as divindades não conseguiam realizar a salvação. Elas se tornaram budas para salvar. Entre as divindades, algumas não se tornaram budas e isso se deve ao status divino delas e a vontade de Deus. Assim como os oito grandes dragões reis, existiram divindades que não gostaram de tornar-se um ryujin[1] ou um buda. Por outro lado, outras divindades que, querendo realizar a salvação a qualquer custo, tornaram-se budas e receberam de Deus as mais variadas coordenadas para colocarem em prática.
As divindades possuem sentimentos semelhantes aos dos seres humanos; são levadas tanto pela emoção quanto pela razão. A natureza de tais divindades também difere uma das outras, havendo as irascíveis e as serenas. Mesmo sendo uma divindade irascível, isso significa que sua cólera é no sentido de querer salvar muitas pessoas, o que é diferente da raiva sentida pelos seres humanos.
Dentro do shikon[2], existe o aramitama (coragem), que contém muita cólera. A raiva, quando tem características daijo[3], ao invés de ser evitada chega a ser até mesmo necessária. De qualquer modo, sentimos raiva por causa de assuntos familiares ou pessoais, o que não deve acontecer.
Mesmo que ocorra algo bom, isso não será realmente benéfico se não tiver características mundiais. O mesmo pode ser dito sobre a fidelidade à pátria e ao imperador. Não há problemas caso tenha características mundiais, mas o pensamento visando apenas as características japonesas não é algo bom.
4 de agosto de 1948
Traduzido pela Equipe Jinsai
[1] Ryujin: “Deus dragão”, em tradução livre, é a divindade cultuada como a o deus protetor de um lago, córrego, rio ou mares, que nas lendas japonesas é considerado um ser divino.
[2] Shikon: Linha de pensamento do Xintoísmo arcaico que considera a existência de quatro faculdades do espírito: aramitama (coragem), kushimitama (sabedoria), sakimitama (amor) eniguimitama (confiança).
[3] Daijo: Compreensão e/ou aceitação ampla, abrangente, coletiva, integral ou permanente de um determinado fato ou situação.