O conceito atual de que Religião está desligada da Arte parece-me um grande equívoco. Enobrecer os sentimentos do homem e enriquecer-lhe a vida, proporcionando-lhe alegria e sentido, é a missão da Arte. Os entendidos no assunto sentem indizível prazer em apreciar as flores, na primavera, e as paisagens campestres ou marítimas. Não é exagero dizer que o Paraíso Terrestre, que temos por ideal, é o Mundo da Arte, o qual não é outro senão o mundo da Verdade, do Bem e do Belo, a que costumo me referir.
A Arte é a representação do Belo. Mas por que será que ela foi negligenciada até os nossos dias?
Monges antigos e famosos demonstraram notável genialidade no campo artístico, esculpindo e construindo templos. Entre esses artistas religiosos, sobressaiu o príncipe Shotoku. Dificilmente se pode crer, dizem todos, que a magnificência arquitetônica do Templo Horyuji, de Nara, obra-prima do príncipe, e as pinturas e esculturas que adornam o seu interior, tenham sido criadas há mais de mil e trezentos anos.
Por outro lado, como houve muitos monges que divulgaram doutrinas adotando a simplicidade e o ascetismo, certamente nasceu o conceito de que não há nenhuma relação entre a Arte e a Religião. Aqui impera a Verdade e o Bem, mas falta o Belo.
Pelas razões expostas, pretendo fazer uma grande divulgação da Arte.
05 de setembro de 1948