Costumo dizer que o Paraíso é o Mundo da Arte, mas isso não deixa de ser um conceito bastante resumido. Naturalmente, o aperfeiçoamento da Arte é desejável, seja a pintura, a escultura, a música, as artes cênicas, a dança, a literatura, a arquitetura, etc., entretanto, para se poder falar em Paraíso, é preciso que todas as artes estejam reunidas, ou melhor, que tudo seja artístico.
Segundo o meu princípio, a solução dos sofrimentos pela Graça Divina não é outra coisa senão a magnífica Arte da Vida; isto porque a Arte, na sua essência, deve satisfazer as condições da Verdade, do Bem e do Belo.
Em primeiro lugar, no sofredor não há, fundamentalmente, Verdade. O homem deve ser sadio por natureza. Quando ele perde a saúde espiritual ou material, significa que deixou de ser o que era: Verdade. Tomemos por exemplo uma jarra: se ela apresentar um defeito, perderá sua utilidade. Como objeto, nela não há Verdade se deixar vazar água, se cair quando a colocarmos em pé, ou quebrar-se quando tentarmos usá-la. Para que a jarra possa ser utilizada, é preciso consertá-la. O mesmo acontece com os homens. Se uma pessoa, por motivo de doença, não puder cumprir as missões para as quais foi criada, tornar-se-á inútil para a sociedade. Deverá, pois, submeter-se à reforma que vem a ser o Johrei da nossa Igreja, prece a Deus em favor de quem sofre.
A seguir, consideremos o Bem. Se não houver, no homem, nenhuma parcela de Bem e ele praticar somente o Mal, também deixará de ser um homem verdadeiro: será um animal. Tal espécie de homem prejudicaria a coletividade em que vive, e precisaríamos, ao invés de condená-lo, evitar sua existência. Mas isso compete a Deus, que possui o direito sobre a vida e a morte.
Inúmeras pessoas tornam-se vítimas do fracasso, da doença e da pobreza; algumas chegam até a perder a vida. Elas estão sendo julgadas por Deus. Entretanto, embora se fale no Mal de forma genérica, existe aquele que é praticado conscientemente e aquele que é praticado inconscientemente. O sofrimento varia de acordo com essa diferença. A justiça é perfeita.
Dispenso maiores explanações sobre o Belo, por ser assunto do domínio de todos; mas, como temos dito, a condição fundamental para transformar este mundo em paraíso está na concretização da Verdade, do Bem e do Belo. Assim, tanto a eliminação das máculas causadoras das doenças, como a reformulação dos métodos agrícolas, são, logicamente, artes. A primeira é a Arte da Vida, e a segunda, a Arte da Agricultura. Acrescentemos, ainda, a construção do protótipo do Paraíso Terrestre, que é a Arte do Belo. Com a junção das três, construiremos o Mundo da Luz, consubstanciado na trindade Verdade-Bem-Belo. É o Paraíso Terrestre, ou a concretização do Mundo de Miroku.
04 de outubro de 1950