OS MILAGRES DA COLETA DE OBRAS DE ARTE

As peças de arte expostas no Museu de Artes de Hakone não devem deixar de assombrar quem é dotado de bons olhos críticos. Não há outra explicação senão atribuirmos a algo misterioso o fato de peças cuja aquisição não é negócio fácil estarem reunidas assim em grande número. Eu próprio admiro que, em curto espaço de tempo, peças de semelhante quilate tenham sido reunidas a preços relativamente baixos. É interessante, outrossim, que muitas peças que eu desejava imensamente, mas já havia desistido por sua compra ser praticamente impossível, viessem cair acidentalmente em minha posse. Além do mais, como vieram de locais inimagináveis, o meu espanto foi ainda maior. Assim, por mais que medite, foi uma sucessão de milagres do princípio ao fim. Pode-se dizer que é um mistério insondável. E tal fato não se limitou apenas à arte japonesa. Ajuntaram-se mesmo peças de arte europeia antiga. Obras de renome cuja aquisição é custosa mesmo na Europa, como soube depois. Como tais milagres assombrosos têm sua razão plausível, escreverei a respeito disso. Hoje, no Mundo Espiritual — seja no Oriente ou no Ocidente —, à medida que a notícia do surgimento desta Igreja gradualmente se difunde, e aumenta o número de almas que compreendem que não terão a salvação eterna senão por meio dela, há uma enorme agitação. Assim, as almas daqueles que foram considerados famosos em vida competem entre si na realização de feitos de valor, visando tanto a passar, com segurança, pelo Julgamento que há de vir, como a alcançar uma posição de bem-aventurança na concretização do Mundo de Miroku (Maitreya), e entram em ação. Naturalmente, entre tais anseios há os de famílias e clãs do Mundo Espiritual que anelam para que seus descendentes, no Mundo Material, passem, em segurança, pela Grande Purificação e alcancem a felicidade. Por tal motivo, os artistas selecionaram as suas obras-primas e as vieram oferecer, e as almas de senhores feudais e de magnatas escolheram o melhor dentre o seu acervo de quando viviam, trazendo-o às minhas mãos pelas pessoas adequadas. Em vista disso, eu não tive nenhum trabalho, tudo se ajuntou naturalmente, ao acaso. Assim, em tão curto período, peças valiosas como essas se reuniram aos montes. Por isso, até os antiquários sempre estranham o fato. Ademais, com a desvalorização monetária do pós-guerra ou o imposto sobre os bens, a nobreza e as classes abastadas viram-se forçadas a abrir mão de seus tesouros. Afluíram, então, seguidamente, peças de valor, que eu já havia desistido de adquirir, sendo possível comprá-las a um preço que hoje parece irrisório. Compreende-se, pois, que tudo foi parte dos planos divinos.

Jornal Eiko, nº 208 — 22 de julho de 1953

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