INDO A EXPOSIÇÕES (I)

Ultimamente, depois de um bom tempo, fui a duas exposições em Ueno. Uma é a Exposição do Instituto Japonês de Artes, a outra, a Nikakai. Fui vê-las por pensar que ambas eram representativas da atual pintura das regiões Leste e Oeste do Japão. Escreverei aqui, nua e cruamente, a exata impressão que delas tive. Até hoje vi uma infinidade de exposições. Entretanto, jamais fui tomado por tão estranho sentimento como o de agora. O desespero e a tristeza acabaram por enegrecer o meu coração. No Japão, a Pintura, ou melhor, a Pintura a óleo já não mais existe. Já não é mais possível deparar-se com a Arte da Beleza. Por maior que fosse a complacência com que eu visse os quadros que hoje vi, a impressão que deles tive foi a própria desesperança, foi uma estranha confusão. Algumas peças poderiam ser chamadas de pinturas; a maioria, contudo, não passava dos mais esdrúxulos e monstruosos quadros.

Primeiramente, começarei por registrar as impressões que tive ao ver a Exposição do Instituto Japonês de Artes. Recordando o passado, esta exposição, nos seus primórdios, avançava inquestionavelmente à frente do mundo da Pintura, tendo aberto uma modalidade particular de novos horizontes, arcando com a glória do pioneirismo da época. Este é um fato sabido por todos. Escusado dizer que chusmas de artistas, insatisfeitos com o antigo estilo da época, saíram em carreira desabalada — como o fazem as mulheres atrás da moda — visando à Exposição do Instituto, e acabaram, um dia, por alcançá-la. Dentre eles, surgiram sangues puros distintos, que se tornaram pintores de nome, ocupando posições de liderança nos meios artísticos. Todavia, curiosamente, os passos da Exposição tornaram-se lentos como os do seu velho manda-chuva, e o marasmo vagueia por entre os artistas que a ela aspiram.

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