CIÊNCIA E ARTE

O mundo contemporâneo pensa que tudo pode ser resolvido pela Ciência. Entretanto, embora quase ninguém chegue a perceber, existem diversas coisas importantes que a Ciência não consegue resolver. Analisemos a Arte, por exemplo.

A pintura e as mais diversas expressões artísticas, como a literatura, a música, o cinema e até o teatro, possuem algum teor científico, mas não é preciso dizer que estão quase totalmente fundamentadas no conjunto da genialidade, inteligência, consciência e esforço do homem. Todos sabem o quanto a Arte é necessária para a sociedade humana. Se ela não existisse, a vida seria seca e sem sabor, como se estivéssemos dentro de uma cela de pedra.

Exemplifiquemos: sempre que caminho pela cidade, sinto que, se não houvesse lojas, residências e prédios ao redor, e eu não pudesse ver o verde das árvores da rua ou dos jardins das casas, mas apenas uma parede semelhante à de um presídio de uma só cor sombria, prolongada em linha reta, talvez eu não suportaria andar sequer alguns quarteirões. Assim, a bela visão proporcionada pelo rico colorido das casas, pelas diferentes feições e expressões das pessoas, com sua maneira característica de se vestir e de andar – a exuberância dos jovens exibindo a moda; as pessoas de idade, os recém-chegados do interior – enfim, os infinitos aspectos que encontramos, cada um com algo de interessante, é que nos permitem andar pela rua sem entediar-nos. Quando nos distanciamos da cidade, dentro de um ônibus ou de um trem, não ficamos cansados porque a paisagem variada – montanhas, rios, plantas, árvores e plantações – nos faz passar o tempo. Além do mais, as diversas transformações ocasionadas pelo clima das estações enriquecem o nosso sentimento. O mundo é realmente uma arte criada pela Natureza e pela mão do homem. É por isso que vale a pena viver.

Pensando dessa forma, poderão concluir que até a Ciência é uma parte da Arte e entender, portanto, que ela tem uma função auxiliar. Assim, é por demais evidente que há uma ligação inseparável da Arte com a vida do homem. Ante essa evidência, a Igreja Sekai Meshiya Kyo interessa-se pela Arte e estimula-a como nenhuma religião o fez até agora.

Entretanto, até mesmo na Arte existem níveis. Se ela é de nível inferior, corre o perigo de abaixar o nível das pessoas, levando-as à degradação, motivo pelo qual é preciso muita cautela. Por isso, a Arte deve ser de nível elevado – uma arte que, deleitando a pessoa, eleve o seu sentimento.

A teoria é fácil, mas existirão organizações que se encarreguem disso? Quanto ao exterior, nada posso afirmar; porém, todos sabem que, nesse ponto, a situação do Japão é muito precária. Para corrigir essa falha, nossa Igreja está efetuando a construção do protótipo do Paraíso Terrestre, do qual faz parte o Museu de Belas-Artes. Há um sábio e antigo ditado que diz: ” A Religião é a mãe da Arte “. Ele exprime muito bem a atividade de construção que estamos desenvolvendo.

30 de abril de 1952