Pretendo discorrer sobre o significado fundamental de eu ter construído o Museu de Arte de agora. Como sempre digo, o objetivo desta religião encontra-se na formação do Mundo perfeito da Verdade, do Bem e do Belo. Assim, com o propósito de expressar o Belo, dentre esses elementos, criei uma obra de arte jamais experimentada por alguém, com a harmonização das belezas natural e artificial. Eu tinha como alvo o fato de que este país chamado Japão, conquanto possuísse numerosas obras artísticas, que não perdem para as de qualquer outro país do mundo, estavam até agora presas nas mãos das classes privilegiadas, escondidas profundamente em suas mansões, sem serem franqueadas, mas exibidas apenas, eventualmente, a determinadas pessoas. Em resumo, esta era a maneira de pensar feudal de até então do japonês.
Há algum tempo, eu me sentia verdadeiramente pesaroso a respeito de tal fato, tendo em mente destruir, de algum modo, esse costume nefasto e socializar a arte. Em síntese, há de se franquear a arte, há de se deleitar o público em geral. Só assim, pensava eu, seria possível também dar vida à alma da arte. Estando, então, a cuidar disso, veio a interagir nesse ponto o dedicado esforço dos fiéis, por eu ser um religioso, e tal desejo se concretizou num prazo relativamente curto. Com a consecução, pois, de um anelo de longos anos, eu não posso conter-me de alegria. Atualmente, que existem museus de arte particulares nas várias regiões do país, existem; porém, o propósito de sua construção é totalmente diverso do meu objetivo. Aqueles se constituem em entidades jurídicas constituídas para a manutenção e a proteção futuras dos numerosos objetos de arte que magnatas e zaibatsus, sem poupar recursos, ajuntaram para saciar o próprio gosto, para a preservação da sua propriedade e da sua vaidade. Esses museus, por ter um estatuto que prevê que devem fazer exposições para o público no mínimo certos dias por ano, promovem eventos por um curto espaço de tempo, na primavera e no outono, a título de justificativa. Necessário se faz dizer, portanto, que, nesses museus, o significado social é extremamente diminuto. Em contrapartida, o presente Museu de Arte, em virtude das condições climáticas de Hakone, entrará em recesso por apenas três meses — dezembro, janeiro e fevereiro —, ficando, de resto, em funcionamento permanente. Por isso, ele tem a conveniência de poder ser visto quando se quiser, sendo ideal dessa perspectiva também. Ademais, uma vez que o acervo deste Museu de Arte são obras raras e afamadas, de quilate tal que os apreciadores quererão vê-las ao menos uma vez, sem falta, e estão dispostas a ponto do local parecer não poder contê-las, certamente a satisfação dessas pessoas será grande. O preço da entrada, outrossim, acredito ser um valor relativamente baixo; por isso, julgo poder contribuir bastante para o bem-estar social. E não é só isso. Mesmo que os artistas contemporâneos queiram ver obras de referência, nos museus gerais, como os senhores sabem, as peças históricas e arqueológicas são muitas, e a arte budista constitui o elemento central; nas galerias de arte privada, o elemento principal é a arte chinesa e a ocidental, inexistindo, pois, no sentido verdadeiro, um museu de arte japonesa. Além disso, do ponto-de-vista da preservação das preciosas propriedades culturais, que têm a tendência, de uma ou de outra maneira, de se dispersarem, será possível prestar uma grande contribuição. Pela conversa que tive dias passados, por ocasião da visita dos senhores Asano, diretor do Museu Nacional de Tóquio, e Fujikawa, diretor do Departamento de Assuntos Gerais da Comissão de Conservação da Propriedade Cultural, um museu de arte como este se adéqua aos quesitos mais prementes da nação, no momento. Portanto, disseram: "Manifestamos nossa inteira aprovação, e temos o propósito de o auxiliá-lo. Gostaríamos de que, ciente disso, o senhor se esforçasse bastante". Assim, eu me senti grandemente encorajado. Por fim, o que desejo especialmente frisar é que, no futuro, turistas estrangeiros afluirão ao nosso país, e, como não há estrangeiro que não dê um pulo a Hakone, com certeza, este museu será muito apreciado. Ainda deste ângulo, ele prestará, e não pouco, serviços para elevar a posição da cultura nipônica. A esse respeito, a começar daquele famoso doutor Warner, há seguidos requerimentos de visita feitos por estrangeiros poderosos. Assim, de uma forma ou de outra, sua fama espalhar-se-á pelo exterior, não ficando muito distante o dia em que será uma das atrações nacionais. Agora, de maneira a atender a tal objetivo, estou trabalhando com afinco na complementação de tudo.
Jornal Eiko, nº 68 — 6 de agosto de 1952