Pergunta: As espadas antigas e demais antiguidades continuam refletindo ainda o pensamento de quem as fabricou, e estão em atividade conforme este pensamento? Ou a atividade do seu espírito material e do pensamento vai sendo modificada naturalmente, conforme a personalidade do seu proprietário atual?
Meishu-Sama: As antiguidades e as espadas são coisas distintas. Nas espadas que mataram alguém pode estar encostado o espírito de quem foi morto. Nas antiguidades estão encostados os espíritos das pessoas que as tiveram por objetos de estimação. O pensamento de quem as fabricou permanece nas coisas que ele fez com seriedade.
A espada de Muramasa, por exemplo, foi feita apenas com o pensamento de matar; a de Masamune foi feita mentalizando a paz. Por isso, dizem que elimina, pelo contrário, a vontade de matar. As pessoas de antigamente tinham espíritos fortes. Por isso as obras de arte têm uma forte atração. As pessoas de hoje têm espíritos fracos. Mesmo as coisas de seiscentos ou oitocentos anos atrás parecem feitas agora, e ainda estão impregnadas de espírito. Se a pessoa usá-la com amor e cuidado, aos poucos o seu espírito passa para elas.
A tigela Ido é uma tigela para arroz da Coreia, da qual Hideyoshi se apoderou na Conquista da Coreia e a apreciou. Na época de Hideyoshi os generais apreciavam muito os instrumentos de Cerimônia de Chá. Davam-lhe mais valor que aos territórios e às vezes guerreavam para roubar a chávena. Há quem diga que a Conquista da Coreia foi feita para conseguir as chávenas.
Os pensamentos das pessoas que estimaram os objetos estão neles contidos em grande quantidade.
As pinturas budistas, por exemplo, se vistas e veneradas por muitas pessoas, o sentimento de gratidão se concentra e se irradia; por isso, só de vê-las nasce o sentimento de gratidão.
Esse aspecto diferencia-se conforme a personalidade do autor e do proprietário. Nesse sentido as peças de Fumaiko são boas.
A concha de chá de Rikyu, por exemplo, tem uma classe natural. A concha de chá de Korin também contém o sentimento dele.
Complemento de Coleção 315
25 de novembro de 1949