Estou sempre vivificando as flores e às vezes gosto de algumas que as pessoas também elogiam, mas não apenas por galanteio. Então, quando consigo uma do meu agrado, tiro uma foto colorida para depois colocá-la nesse livro. Isto porque ultimamente têm entrado na moda umas flores muito esquisitas. Acabam matando as flores. Com isso, a forma fica boa, mas elas não têm sabor. Caso a comparássemos a uma pintura, esta estaria morta. A vivificação que faço leva apenas cinco minutos. As mais rápidas são feitas em dois minutos. As flores apanhadas no jardim são melhores e, no caso de as comprarmos em floricultura, devemos vivificá-las assim que as pegarmos. Esse método é muito bom. No caso de ervas, devemos juntar várias e vivificá-las rapidamente. Essa forma de vivificar não existe hoje em dia. Os professores da arte da flor definem uma forma. Ultimamente é muito raro, mas, devido ao seu estilo ou à forma que determinam, acabam matando a flor e, com isso, não correspondem à verdade. É preciso que, em suma, vivifiquemos ao máximo os pontos positivos da natureza e a expressemos. É uma revolução na forma de vivificar as flores.
Além disso, há também a harmonia com o vaso. E se formos ser mais exigentes, é preciso fazer a combinação com o tamanho do tokonoma, a cor da parede e dos quadros. É preciso que o tokonoma, como um todo, seja uma obra de arte. Quando acontece de eu conseguir isso, sinto como se estivesse vendo uma obra-prima antiga. Mas é preciso que o quadro também seja muito bem feito. A pintura também precisa ser obra de verdadeiro artista. Caso contrário, o quadro será rejeitado pela flor. Por isso, ele precisa ser de um autor bem primoroso. E é preciso que a pintura ou a obra de caligrafia, o vaso e a flor combinem perfeitamente. Portanto, nesse sentido, é a arte da flor e não há outro jeito de explicar, a não ser mostrando-a. Por isso, não é muito perfeito, mas como aqueles que tiram fotos coloridas estão fazendo o melhor que podem, pretendo pedir-lhes para fotografá-las. É um empreendimento pequeno, mas é uma revolução nesse campo. O mundo está exatamente o contrário. Por isso, ao contrário do que fazem ao pintar as flores, deixando-as artificiais, faço-as o mais natural possível. A lógica é a mesma que a da Agricultura Natural. Pretendo escrever um livro sobre essas coisas.
15 de março de 1953