Este título parece um tanto estranho, mas trata-se de uma verdade que poucos percebem, e por isso vou escrever a respeito.
Até hoje, tanto no Ocidente como no Oriente, quando analisamos as pessoas bem-sucedidas na vida – não só as que realizaram empreendimentos que lhes valeram fama mundial, mas também as que obtiveram sucesso de alcance limitado – vemos que quase todas elas são pessoas más. Na realidade, é difícil o virtuoso ser bem-sucedido, pois ele difere muito do perverso. De fato, a maioria das pessoas que não hesitam em incomodar os outros ou em aumentar os males da sociedade, escapam habilmente das malhas da lei e vencem na vida; parece que, para elas, não existe outro método para galgar o sucesso. Assim, quando alguém vê um indivíduo bem-sucedido, logo lhe vem o preconceito de que seja um espertalhão, o qual, sem dúvida, está fazendo coisas desonestas às escondidas. E não está pensando errado, pois é isso mesmo que acontece. Consequentemente, as criaturas ávidas de sucesso os imitam, julgando ser um método hábil a pessoa não escolher meios para alcançar seus objetivos. Por isso, o virtuoso é prejudicado. Esta é a causa dos males sociais da época atual.
Esse ponto de vista está tão enraizado na cabeça dos homens da atualidade, que eles nos olham da mesma maneira. Pelo fato de nossa Igreja ter conseguido trezentos mil fiéis em apenas três ou quatro anos, logo de saída ela é incluída no grupo dos bem-sucedidos. Vendo-a através do preconceito dos “óculos escuros”, esses homens pensam que, embora se trate de uma religião, sem dúvida ela está fazendo coisas desonestas ocultamente e por isso vem obtendo sucesso. Eles acabam concluindo que, no mundo atual, não há motivos para se vencer na vida unicamente através do Bem. Naturalmente, não é apenas o povo que pensa dessa forma; até as autoridades têm uma tendência, pequena ou grande, para tal pensamento. E não somos só nós que achamos isso. Além do mais, a soma de pessoas prejudicadas com a expansão da nossa Igreja e de materialistas que não simpatizam com as religiões novas, assim como as queixas e denúncias feitas em segredo por chantagistas que se deram mal conosco e os boatos espalhados pelos jornais de má-fé, confundem o pensamento das autoridades, muitas vezes levando-as a fiscalizar-nos, embora elas o façam mais pela responsabilidade que têm.
Esse é o motivo das críticas da sociedade em relação à nossa Igreja. Mas elas ocorrem justamente porque os que obtiveram sucesso através da prática do Bem são muito poucos. Tais críticas representam uma prova do que estamos dizendo. Por conseguinte, precisamos varrer o pensamento errôneo de que só se consegue sucesso através do Mal e mostrar que saímos vitoriosos quando caminhamos ao lado do Bem e da Justiça. É por isso, também, que estamos nos esforçando ao máximo. Se fizermos com que a sociedade se conscientize dessa verdade, é óbvio que isso trará uma influência muito positiva para ela e para cada indivíduo. E acredito que este também seja um meio para que a Religião possa cumprir a missão que lhe é inerente.
18 de março de 1950