Desde antigamente, existe no budismo o termo "Miroku-San-E". Como até aos dias de hoje esse termo permanecia envolto em mistério, era impossível compreender o seu significado. Assim, gostaria de esclarecer a questão.
De acordo com os ideogramas que compõem o termo, Miroku-San-E significa o encontro simultâneo dos três Miroku. Esses três Miroku são, sem dúvida, Buda, Amida e Kannon. Buda é Miroku da recompensa; Amida é Miroku da Lei; Kannon é Miroku da Concordância. Shaku-son é também Miroku da Terra; Amida é Miroku da Lua; Kannon é Miroku do Sol.
Como venho sempre dizendo, esses três santos deveriam, na verdade, estar dispostos na seguinte ordem: Sol, Lua e Terra, ou Fogo, Água e Solo, ou, ainda 5, 6 e 7. Somando-se esses números, o resultado é 18. A respeito do número 18, nos Ensinamentos da Igreja Oomoto está escrito: "Até agora o Céu era 6; o Mundo Intermediário, 6 e a Terra, 6. Mas o espírito de 1% desceu do Céu para a Terra, e o Céu se tornou 5, e a Terra 7". Trata-se, pois, da Providência de Deus, de profundo significado. Esse espírito de 1% vem a ser o Poti (ponto central), o Mani-no-Tama e o Nyoi-Hooshu. Por esse motivo é que surgirá a sagrada época de 5.6.7 (Miroku).
Também se diz que 3,6,9 é Miroku, mas pretendo referir-me a este assunto no último capítulo, que versa sobre o Reino dos Céus, e por isso vou me omitir agora. Todavia o número juhati (十八=18) é de suma importância. Ao analisá-lo baseado nos ideogramas que o compõem, ju (十=10), tem o formato de cruzamento dos traços vertical e horizontal, é símbolo de Deus e também a forma da perfeição; hati (八=8), tem o formato de abertura, além de significar infinito. Desde antigamente, o budismo tem empregado com frequência o número 18. O Templo Kannon de Assakussa, em Tóquio, e o Templo Zenko-ji, da província de Nagano, têm o formato de um quadrilátero cujos lados medem 18 ken (medida japonesa equivalente a cerca de 1,8 m x 18 = 32,4 metros). A visitação desses templos para oração está fixada para o dia 18 de cada mês. O dobro de 18 é 36, que pode ser lido, em japonês, como "Miroku". Os sinos dos templos budistas, na passagem do Ano Novo, são tocados 108 vezes. O juzu (terço budista) é feito com 108 contas. Existem referências aos 108 desejos mundanos, mas, nos casos citados acima, a centena do número 108 significa: dez vezes dez é cem (10 x 10 = 100). Observando esses fatos, nota-se que em tudo está implícito o significado de Miroku.
A seguir vou examinar o sentido da palavra Izunome. Numericamente, Izunome é 5 e 3. Isto é, 5 é izu (surgir) e ka (fogo); 3 é mi e mizu (água). Ka + mi = kami, que quer dizer Deus. Por outro lado, é fogo e água, é izu e mizu e formam o Izunome. A fusão do fogo e da água é a Luz. Assim, o ideograma 光 (hikari = luz) é formado pela colocação de um traço horizontal no meio do ideograma 火 (hi = fogo). O traço horizontal representa a água, e por isso, o ideograma 光 (hikari) está realmente bem constituído. Com base nisso, poderão entender muito bem que os ideogramas foram criados por Deus. Entretanto, tratando-se apenas de luz, esta é constituída de fogo e água; portanto, de duas forças. Aqui se deve apresentar mais uma força: a da terra. Dessa maneira, quando a luz passa pelo corpo físico, que é terra, gera a força da trilogia. Se pensarem nesse sentido, deverão compreender melhor o Johrei.
Já falei anteriormente que Buda e Amida eram hindus, mas eu disse isso tão somente em relação a Kannon. Em sua origem, eles são deuses do Japão; apenas os seus corpos espirituais é que foram para a Índia. O espírito de Buda é a deusa Wakahimeguimi-no-Mikoto, e o de Amida é o deus Kansussanoo-no-Mikoto. Devemos pois saber que o povo que tinha Daijizai-Ten como deus principal da Índia eram os verdadeiros hindus.
A seguir, vou mostrar algo interessante. Pelo fato de Kannon ter nascido do budismo, este é o Seu progenitor. Buda, fundador do budismo, vem a ser o pai do pai. Portanto, o deus Izunome-no-Ookami, que gerou Buda, é pai e antepassado de Kannon. E ainda: esse deus torna-se Kanzeon. Portanto, também a partir desse ponto, poderão compreender que Buda é a personificação de Deus. Uma vez que Buda é o elemento Terra, ele realiza o trabalho de pai-genitor. Amida é Lua e mulher; logo, pode-se dizer que é a mãe de Kannon. Ou seja, tanto a Terra como a Lua possuem o sentido de gerar o Sol. Essa é, também, a Verdade-Real do Universo.
Há, na China, uma lenda antiga sobre a deusa Seioobo. Ela era a personificação da Deusa da Lua. No seu jardim, havia um pessegueiro que dava frutos a cada três mil anos; esses frutos eram considerados um tesouro precioso e, como tal, eram oferecidos ao Grande Deus do Céu. Uma lenda hindu diz que, dali a três mil anos, surgiria o deus Tenrin-Bossatsu. Assim que Ele surgisse, toda a humanidade seria salva, e o mundo se transformaria em Reino dos Céus, em mundo paradisíaco. Pode-se dizer que essa lenda se refere à profecia dos fatos que estão acontecendo agora. Creio que Tenrin-Bossatsu é uma outra denominação de Kannon. E não posso afirmar que Tenrioo-no-Mikoto, o deus da igreja Tenrikyo, não tenha relação com esse Bossatsu.
Amida é chamado também de Guekkoo-Bossatsu, e Kannon, de Daihi-Nyorai. Uma vez que os dois deuses são Lua e Sol respectivamente, significa que eles formam um casal. E isso está representado frequentemente nos templos budistas do Japão. Onde Kannon está entronizado, sempre está Daibutsu (Grande Buda). E Daibutsu é Amida. Kannon está entronizado dentro do templo, e sua imagem é pequena. Isso porque Kannon é o Buda próprio do Japão, e Amida é o Buda do exterior. A imagem de Kanzeon deve ser de ouro, e o seu tamanho certo é issum hatibu (1,8 sun - medida japonesa que equivale a 3,3 cm), isto é, cerca de 15 cm. Em relação à imagem de Amida, a fundida em bronze ou talhada em madeira e folheada a ouro, de tamanho maior, é considerada a melhor.
Creio que assim puderam ter uma noção mais completa sobre o assunto.