Meishu Sama tinha uma espantosa intuição. No despontar do ano de 1922 tinha uma grande loja atacadista na Avenida Yaessu-Kitamaki-cho, no lado leste da estação ferroviária de Tókio. Tinha se casado em segundas núpcias com Yoshiko-oota em 1919, e morava a pouca distância da loja. Teve um estranho pressentimento e decidiu, de repente, mudar-se para Omori, um arrabalde do Tókio. Aconteceu que a 1º de setembro de 1923 houve um grande terremoto que arrasou a cidade de Tókio. Mokiti Okada perdeu a loja e ficou impossibilitado de continuar no comércio. Mas a família se salvou.
Em seus Ensinamentos, Meishu Sama diz que a purificação se apresenta de muitas formas, pois as causas são diferentes.
Quando, por exemplo, as nuvens espirituais nascem de pecados ralativos a dinheiro, como nos roubos e fraudes que causam perdas aos outros ou quando advém de a pessoa gastar mais do que pode ou deve, então a purificação apresenta-se sob a forma de perdas materiais. O ser humano ao nascer traz dívidas do passado para serem saldadas. No caso de Meishu Sama, que era a honestidade em pessoa, a perda dos bens materiais se explicaria por uma libertação de dívidas cármicas. Sua vida é para nós uma lição tão importante quanto seus Ensinamentos. Um homem justo e íntegro perdeu tudo e manteve-se inabalável em sua confiança na Justiça Divina.
Ele explica que as perdas devidas a incêndios, fraudes por parte de sócios desonestos, falências sem serem fraudulentas, grandes gastos com doenças e coisas assim que nos parecem injustas e descabidas, resultam de erros cometidos em vidas anteriores e, também, de nuvens espirituais que se acumulam em resultado da irritação, malevolência, revolta, desconfiança, ódio, ressentimentos, etc.
Há muitos exemplos dos chamados “filhos pródigos” que dilapidam vultosas heranças, acumuladas pelos pais ou antepassados em longos anos de trabalho. Estes “filhos pródigos” estão dissipando não apenas a herança, mas, principalmente, as nuvens espirituais que seus antepassados acumularam na ânsia de se encherem de bens materiais. Meishu Sama explica que o espírito de algum desses antepassados escolhe um de seus descendentes para a missão de purificar a família, para que esta possa prosperar e continuar. Portanto seria inútil querer regenerar o “filho pródigo” que, mesmo com suas extravagâncias, está cumprindo uma missão.
Não devemos julgar: “este é bom ... aquele é mau”. No caso, por exemplo, de dois irmãos, um gastador e outro ajuizado, considerando-se sob o ponto de vista espiritual, o gastador está apenas realizando a missão de dissipar as nuvens espirituais da família. Assim ensina Meishu Sama.
Em relação às doenças, dá-se o mesmo. As causas da purificação não são as mesmas para a mesma doença. Tudo depende das nuvens espirituais que se formaram. O Evangelho diz: “Se a tua língua te escandalizar, corta-a. É preferível entrar sem língua no Reino dos Céus”. Esta linguagem simbólica elucida os Ensinamentos de Meishu Sama. Aquele que pecar pelos olhos, será purificado com uma doença nos olhos. O que pecar pela língua, sofrerá nos ouvidos ou na língua. Quem causar muitas dores de cabeça aos outros, terá dores de cabeça. Entra em ação, inexoravelmente, a Suprema Lei de Causa e Efeito.
O homem raciocina pensando apenas na vida presente, esquecendo-se que já teve muitas vidas anteriores para chegar ao que é. O progresso se efetua através do contínuos retornos a um ponto de partida. Este ponto de partida vai se deslocando para a frente, gradualmente. O determinismo da matéria vai evoluindo gradualmente até chegar ao maravilhoso livre-arbítrio da consciência. Como realizar tanto numa única vida?
Portanto, a purificação das nuvens espirituais é inevitável, mais cedo ou mais tarde, de acordo com a Lei de Afinidade Espiritual que se confunde com a Lei de Causa e Efeito. Ninguém poderá escapar à Lei Divina. A Eternidade não tem pressa.
Um homem sincero e bem intencionado que recebe e ministra Johrei pode passar por purificações duras. Por estranho que pareça, quanto mais dedicado for o homem, mais dura poderá ser a purificação. É uma prova para a Fé que, se não for profunda e forte, há de arrefecer. Este fato tem grande importância. As bênçãos de Deus são atraídas pela sinceridade e dedicação, porém, para que se traduzam em bem-estar e tranquilidade, é preciso que as nuvens do espírito sejam dissipadas até determinado ponto. Meishu Sama faz uma comparação: é preciso limpar bem uma lata antes de nela guardar o pão! Se o homem suportar sua provação com fé e paciência, receberá bênçãos de felicidade como jamais sonhou.
Meishu Sama levou mais de vinte anos pagando dívidas enormes. Em 1916 estava rico. Como queria fundar um grande jornal para combater a injustiça, preocupou-se em aumentar mais ainda o capital que tinha. Pôs-se a emprestar dinheiro para companhias de investimento. O banco Soko era um dos mais fortes no Japão. Meishu Sama lá foi depositando o seu capital. Conseguiu fazer um diamante artificial que lhe rendeu muito dinheiro. Tirou patente do diamante em dez países. Foi então que começaram as tribulações. A grande loja Mitsukoshi teve um atrito com Mokiti Okada, que não quis lhe dar a exclusividade do diamante. Os muitos vendedores e representantes que trabalhavam para Mokiti começaram a furtar o quanto podiam. Em 1919, o Banco Soko faliu. Mokiti não só perdeu os seus depósitos como ficou com os bens interditados para pagamento das dívidas do Banco. Com seu espírito combativo e empreendedor, Mokiti esforçou-se ao máximo para melhorar financeiramente, porém sempre fracassava. Muitas e muitas vezes sentiu-se infeliz, mas jamais se deixou prender no cárcere do desânimo. Somente em 1941 conseguiu libertar-se deste pesadelo, acabando de pagar tudo. Em 1942, portanto no ano seguinte, para sua grande surpresa, recebeu uma grande soma em dinheiro, quando as dívidas estavam liquidadas!
Em seus Ensinamentos, ele dá exemplos de pessoas que melhoraram de finanças depois de um incêndio. Evidentemente que não se trata de indenização pelo seguro! Ele cita e cidade de Atami, que progrediu muito, depois do grande incêndio que a devastou em 1950.
Qualquer um sabe reconhecer o que é bom. Mas precisamos aprender que coisas desastrosas ou desagradáveis também podem resultar em benefícios e alegrias. Como são o efeito dum processo de purificação, uma vez que esta seja consumada, tudo melhorará. A mesma verdade se aplica às doenças. Durante uma doença, se a pessoa souber enxergar suas vantagens, conseguirá paz e mais discernimento.
A Lei é sempre a mesma. O mal condiciona o bem. A dor condiciona a alegria, na dualidade do claro-escuro. Um ponto fraco pode representar uma força. O cego, privado da visão, desenvolve o sentido do tato e da audição. A doença passa a ser considerada uma condição de saúde, pois que serve para despertar as resistências orgânicas. As resistências orgânicas que defendem o corpo humano, sem que se perceba, são o resultado de inúmeras lutas superadas.
Além disso, uma imperfeição ou sofrimento físico pode ter uma repercussão criadora no campo moral. Mesmo que a dor não consiga construir de repente a grandeza da alma, serve para despertar a alma, torná-la mais sensível, mais compreensiva. Quem sabe sofrer, sabe resistir à adversidade. Um mal físico pode ser a prova imposta pelo Destino para ajudar a ascensão do espírito.
Esta coragem e este otimismo diante da dor resultam duma verdadeira fé em Deus. Quem não tem fé, revolta-se e agrava o sofrimento. Quanto mais revoltado e impaciente, mais trágica é a situação do sofredor, podendo chegar a proporções ruinosas. O egoísta sempre acha que sofre mais que os outros. E sofre mesmo, porém dum modo bem diferente do que está pensando. O segredo da felicidade está na pessoa compreender e aceitar a Lei da Afinidade Espiritual e receber a purificação como uma bênção de amor do Eterno Pai. Portanto, não devemos desprezar nenhuma lição.
Meishu Sama conta o caso dum industrial que foi falar com ele dizendo que, em sonhos, tinha ouvido o toque de sirene anunciando incêndio. Levantou-se às pressas e correu para a fábrica. De fato, havia lá um princípio de incêndio que logo foi debelado. O homem estava muito impressionado, pois começaram a dar-se vários pequenos incêndios nas residências de pessoas da sua família. Por este motivo, tinha ido procurar Meishu Sama e indagara, aflito: “Estas coisas têm alguma significação?” Meishu Sama então explicou.
O destino do homem de um modo geral é traçado de acordo com seus pensamentos e ações, conforme progrediu ou regrediu em outras encarnações. Mas o destino pode ser modificado para melhor ou para pior, dependendo da maneira como se vive no presente. Nossas desgraças podem ser minoradas, e mesmo eliminadas, com o auxílio de Deus, quando nos subordinamos à Vontade Divina.
Temos em nós o Yukon (essência da alma) que tem como pátria o Reino Espiritual. Quando vivemos uma vida pura e virtuosa, espalhando o Bem, nosso Yukon poderá subir a regiões onde não chegam os sofrimentos materiais senão na forma de pesadelos. E assim sofreremos menos.
É essencial que a purificação do corpo espiritual prossiga enquanto for necessário. O sofrimento é comparável a um ralador onde o côco é ralado para ser depois aproveitado. O sofrimento é um processo de limpeza. Convém notar que quanto mais elevada é a missão dum homem, mais intensa sua purificação. Temos de aproveitar os obstáculos para incorporarmos a riqueza da experiência.
Um membro da Igreja Messiânica foi procurar Meishu Sama para saber o motivo pelo qual estava sofrendo tanto com purificação nas finanças, na mente e no espírito, apesar do desejo sincero de dedicar-se ao Programa da Luz Divina e ao serviço de Deus.
Foi-lhe explicado que ele precisava dissipar as nuvens espirituais acumuladas antes dele se dedicar à Doutrina Messiânica.
Outra razão é que, geralmente, o homem que tem uma grande missão sofre mais que o comum dos mortais. Pela confiança em Deus, pelas graças miraculosas e pelas bênçãos que recebe, consegue aguentar-se. O poder e a energia espiritual o fortalecem. Gradativamente as coisas vão melhorando. Mais felizes e tranquilos, podem dedicar-se melhor aos trabalhos que o Plano Divino lhes conferiu.
Enquanto houver nuvens no corpo espiritual, há necessidade de limpeza que só se faz pela purificação, muito variada em suas formas. Meishu Sama nos aconselha que aceitemos o mal-estar como um companheiro natural, um limpador de nuvens. Vale a pena sofrer, pois sabemos que é para nos elevarmos espiritualmente. Quem não se purificar moralmente, desta maneira afinando o instrumento que é a sua alma, jamais chegará à compreensão e ao verdadeiro conhecimento.